O grupo separatista basco ETA disse nesta sexta-feira que as negociações de paz com o governo espanhol estão em crise e ameaçou responder ao que classificou como repressão de ativistas pró-independência.
"Se os ataques contra o Euskal Herria (o País Basco) continuarem, o ETA vai responder", disse o grupo, utilizando uma linguagem que pode ser interpretada como uma ameaça de encerrar um cessar-fogo que já dura cinco meses e retomar a luta armada que vinha travando há 38 anos.
A declaração foi feita por meio de um comunicado enviado ao jornal basco Gara, horas após políticos separatistas terem reclamado da proibição do Batasuna, partido que serve como braço político do ETA.
O diálogo com o governo está em "crise evidente", disse o ETA, culpando uma falta de "decisões corajosas para estabelecer uma estrutura democrática em Euskal Herria".
O governo "utilizou repressão para enfraquecer a Esquerda Abertzale", acrescentou o ETA, utilizando o termo basco para designar o movimento pró-independência.
O governo socialista de Madri ainda não havia feito comentários sobre a ameaça.
O jornal "El País", simpático ao governo, citou autoridades não-identificadas que disseram que o ETA vem pressionando para que o Batasuna possa tomar parte de futuros debates entre partidos políticos para discutir o futuro do País Basco.
As negociações de paz com o ETA, grupo que, segundo analistas, foi enfraquecido após centenas de prisões nos últimos anos, foram anunciadas pelo primeiro-ministro, José Luis Rodriguez Zapatero, em junho.
Os rebeldes mataram mais de 800 pessoas em suas luta pela independência do País Basco, que fica numa região que compreende partes do norte da Espanha e do sudoeste da França -- embora quase todas as ações armadas do ETA tenham sido concentradas em território espanhol. O governo francês se recusa a dialogar com os separatistas.
Madri quer que as negociações de paz se concentrem no desarmamento e na transferência de prisioneiros do ETA para locais mais próximos às suas cidades de origem. O governo também quer que as negociações transcorram de forma separada às discussões entre os partidos sobre o futuro do País Basco.
O Batasuna quer a realização de um referendo sobre a independência do País Basco, embora a região já tenha um grau considerável de autonomia em áreas como educação e saúde. Pesquisas de opinião indicam que apenas uma minoria dos bascos gostaria que a região deixasse de pertencer à Espanha.
Deixe sua opinião