O Partido Comunista Chinês propôs o fim do limite de uma reeleição para presidente e vice no país, abrindo espaço para que Xi Jinping continue no poder indefinidamente.
A informação foi divulgada neste domingo (25) pela agência estatal de notícias Xinhua. A proposta, feita pelo Comitê Central do partido, prevê que seja retirada da Constituição a expressão que diz que o presidente e seu vice “não irão servir mais do que dois mandatos consecutivos”.
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Oficialmente a medida ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento chinês, mas o órgão é controlado pelo partido e não deve apresentar empecilhos.
Desde que chegou ao poder em 2012, Xi vem liderando uma reforma na sigla que comanda a ditadura do país e depôs uma série de líderes em sua campanha anticorrupção. Ele deve ser reeleito no próximo dia 5 para começar seu segundo mandato, que vai até 2023 e pela regra atual teria que se aposentar depois disso.
Com a mudança, ele poderá se manter no cargo, que tem importância principalmente simbólica, já que na prática quem realmente comanda o país é o secretário-geral do partido. Desde o início dos anos 1990, porém, o costume é que a mesma pessoa ocupe as duas posições - não há limite de reeleição para o secretário-geral, mas nos últimos 30 anos ninguém ficou mais do que dez anos.
É esse o caso de Xi, que acumula os dois cargos, tendo sido reeleito para comandar o partido no Congresso da sigla em outubro.
Na ocasião, ele confirmou ser o líder chinês mais poderoso desde Deng Xiaoping nos anos 1980 ao ter seu nome e sua tese política incluídas na Constituição da sigla, uma honra que seus últimos antecessores no cargo não tinham recebido.
O evento já tinha demonstrado que Xi pretendia se manter no poder após os dois mandatos, já que ele não indicou nenhum sucessor claro. Para isso, ele terá que mudar ainda outra tradição da sigla, que obriga os líderes a se aposentarem aos 69 anos - ele atualmente tem 64.
O limite de dez anos no poder foi criado por Deng como uma forma de evitar o fortalecimento de uma única pessoa no cargo, como aconteceu com Mao Tsé-tung, que comandou o país entre 1949 e 1976.
“Xi Jinping finalmente atingiu seu objetivo desde que ele entrou na política chinesa, ser o Mao Tsé-tung do século 21”, disse à agência de notícias Associated Press o analista político Willy Lam, da Universidade Chinesa de Hong Kong. “O que está acontecendo é muito perigoso, porque a razão de Mao ter cometido um erro atrás do outro é que a China era naquela época o show de um homem só.”
Já para o historiador Zhang Lifan, ainda não é possível saber quanto tempo Xi pretende ficar no poder. “Na teoria ele pode ficar mais tempo do que Mugabe, mas na realidade ninguém tem certeza do que irá acontecer”, disse ele à agência Reuters, comparando o líder chinês ao ex-ditador do Zimbábue, que comandou o país por 37 anos.
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