Oficialmente, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, adota uma posição neutra sobre a guerra na Ucrânia: seu governo ainda não se pronunciou sobre a acusação americana| Foto: EFE/JOÉDSON ALVES
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O embaixador dos Estados Unidos na África do Sul, Reuben Brigety, acusou o país africano de fornecer armas à Rússia durante a guerra de Moscou contra a Ucrânia, apesar da neutralidade que Pretória afirma manter no conflito.

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Em entrevista coletiva em Pretória, Brigety afirmou que a África do Sul forneceu armas à Rússia através do navio russo Lady R, que atracou na base naval de Simon's Town, na Cidade do Cabo (sudoeste), em dezembro do ano passado.

“Entre as coisas que notamos, estava o navio de carga atracando na base naval de Simon's Town entre 6 e 8 de dezembro de 2022, que temos certeza de que carregava armas e munições naquele navio em Simon's Town enquanto voltava para a Rússia”, afirmou o embaixador, conforme noticiado pelo canal local News24.

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“Armar os russos é extremamente grave. E não consideramos que este problema esteja resolvido. E gostaríamos que a África do Sul praticasse sua política de não-alinhamento”, destacou o diplomata.

Sobre a exatidão das informações de inteligência dos EUA de que o país africano entregou armas à Rússia, Brigety disse que apostaria “sua vida” na confiabilidade desses dados, segundo o canal sul-africano.

O embaixador destacou que este assunto foi uma das questões de “preocupação” levantadas por altos funcionários americanos junto a uma delegação sul-africana de alto nível que visitou os EUA recentemente.

Em sua opinião, seria “um erro subestimar as preocupações em Washington”, segundo publicou o jornal sul-africano TimesLive.

Brigety acrescentou que outras preocupações levantadas por autoridades americanas incluem a participação da África do Sul em manobras militares com Rússia e China no aniversário da invasão da Ucrânia, em fevereiro.

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“Também expressamos nossa séria preocupação por um momento dos exercícios navais conjuntos nos quais a África do Sul participou com Rússia e China em águas sul-africanas, que coincidiram com o aniversário da invasão russa da Ucrânia”, apontou.

Depois de divulgar essas declarações, Vincent Magwenya, porta-voz do presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, afirmou que a Presidência “tomou nota dos comentários relatados atribuídos ao embaixador dos EUA”.

“E responderemos no devido tempo”, disse Magwenya em sua conta no Twitter.

O país africano afirma ter adotado uma postura neutra sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia e pediu diálogo para resolver o conflito.

Esta posição não está apenas ligada ao papel estratégico político e econômico que Moscou tem junto a alguns países africanos, mas também a razões históricas, como o apoio russo aos movimentos anticoloniais e de libertação do século XX, como a luta contra o regime segregacionista apartheid, no caso da África do Sul.

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