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O Departamento de Justiça dos EUA apresentou nesta segunda-feira (9) uma acusação formal no Distrito Norte de Illinois contra dois ex-oficiais de inteligência do regime de Bashar al-Assad por supostos crimes de guerra contra civis sírios, incluindo cidadãos americanos, durante o conflito interno no país, que começou em 2011.
Jamil Hassan (72 anos) e Abdul Salam Mahmoud (65), os nomes dos dois ex-oficiais de inteligência da Força Aérea Síria acusados, teriam participado de uma conspiração para dar tratamento cruel e desumano a civis presos em instalações de detenção no aeroporto militar de Mezzeh, perto da capital, Damasco.
Mandados de prisão também foram emitidos para os réus, que permanecem foragidos por enquanto.
“Os autores das atrocidades cometidas pelo regime de al-Assad contra cidadãos americanos e outros civis durante a guerra civil síria devem ser responsabilizados por seus crimes hediondos”, disse o procurador-geral dos EUA, Merrick B. Garland, em um comunicado divulgado pelo Departamento de Justiça dos EUA.
A acusação dos EUA foi feita um dia depois que a coalizão insurgente islâmica Organização para a Libertação do Levante (HTS) derrubou o regime ditatorial de Assad no domingo, após uma ofensiva que durou apenas duas semanas.
“Esses oficiais da inteligência do regime de Assad chicotearam, chutaram, eletrocutaram e queimaram suas vítimas; penduraram-nas pelos punhos por períodos prolongados; ameaçaram estuprá-las e matá-las; e disseram falsamente que seus familiares haviam sido mortos”, afirmou o Departamento de Justiça em sua acusação.
A procuradora-geral adjunta Lisa Monaco disse em um comunicado que, embora “o regime de Assad tenha caído, o compromisso (dos EUA) com a responsabilização continua”.
De acordo com a acusação, Hassan era o diretor de inteligência da Força Aérea Síria e supervisionava uma rede de centros de detenção, incluindo a prisão de Mezzeh, onde civis considerados opositores do regime sírio eram detidos e submetidos a tratamento cruel e desumano.
Mahmoud, por sua vez, era um general de brigada da inteligência da Força Aérea Síria e dirigia as operações na prisão de Mezzeh.
“Os réus supostamente conspiraram para criar uma atmosfera de terror em Mezzeh, forçando os detentos a ouvir os gritos de prisioneiros torturados e a compartilhar celas com os cadáveres de outros detentos, enquanto os guardas ameaçavam matar e agredir sexualmente seus parentes”, diz a acusação.
Se condenados, os réus poderão pegar uma pena máxima de prisão perpétua.
Conteúdo editado por: Isabella de Paula