O representante do Departamento de Estado dos Estados Unidos para a América Latina, Brian Nichols, lançou duras acusações contra o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, e sua esposa e vice-presidente do regime sandinista, Rosario Murillo. Segundo Nichols, ambos são responsáveis por ilegalizar o partido indígena Yatama, uma ação que, segundo o representante americano, visa "continuar silenciando as vozes dissidentes" no país.
O Conselho Supremo Eleitoral da Nicarágua (CSE), controlado pelo regime sandinista, cancelou nesta semana status legal do partido indígena Yapti Tasba Masraka Nanih Aslatakanka (Yatama). A decisão ocorreu justamente antes das eleições regionais marcadas para março do próximo ano na costa caribenha do país.
Nichols, que é secretário de Estado assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental, afirmou através da assessoria de imprensa da embaixada dos EUA em Manágua que "Ortega e Murillo proibiram o partido político Yatama para silenciar ainda mais as vozes dissidentes".
Ele argumentou que os membros das comunidades indígenas da Nicarágua têm direito a todas as "liberdades fundamentais consagradas na Declaração Universal dos Direitos Humanos".
A resolução do CSE para cancelar a legalidade do Yatama alega que o partido estava envolvido em "atos que prejudicam a independência, a soberania e a autodeterminação, incitando a interferência estrangeira nos assuntos internos", crimes considerados pelo regime sandinista como traição.
O órgão eleitoral também afirmou que o Yatama solicitou a intervenção de outros países e órgãos estrangeiros nos assuntos internos da Nicarágua, classificando tal comportamento como "antissoberano" e parte de uma “campanha orquestrada que distorce a verdade, incitando a desestabilização das comunidades no país”.
A inabilitação do partido Yatama ocorreu em meio à prisão de seus principais líderes, o congressista Brooklyn Rivera e sua vice, Nancy Elizabeth Henríquez James. O partido exigiu a libertação dos deputados indígenas, pedindo à comunidade internacional que interceda pelas comunidades indígenas e denunciando as prisões como parte de uma estratégia planejada pelo partido do regime de Ortega, o Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), para obter vantagem na próxima eleição regional autônoma, marcada para março de 2024.
O Yatama, um partido regional e antigo aliado dos sandinistas no Parlamento nicaraguense, também instou as autoridades do país a “cessarem as violações sistemáticas e a perseguição política dos líderes indígenas”, além de exigir a desocupação imediata da ocupação “policial ilegal e a retomada da estação de rádio comunitária”. (Com Agência EFE)
Deixe sua opinião