O Governo americano afirmou nesta quinta-feira que se o Equador conceder asilo político ao ex-analista da CIA Edward Snowden, isso "vai representar graves dificuldades" para a relação com o país, que renunciou nesta quinta-feira às preferências tarifárias concedidas pelos Estados Unidos pela luta antidrogas.
"Em termos de nossa relação comercial com o Equador, essas são preferências outorgadas pelo Congresso ao Equador (...) Portanto não tenho certeza que possa se retirar delas", afirmou Patrick Vendrell, porta-voz do Departamento de Estado em sua entrevista coletiva diária.
"O que não seria uma boa coisa é que outorguem a Snowden asilo. Isso iria representar graves dificuldades para nossas relações bilaterais. Com uma visão mais geral, se derem esse passo, teria repercussões muito negativas", ressaltou o porta-voz americano.
Ventrell reagiu ao anúncio feito em Quito pelo secretário de Comunicação equatoriano, Fernando Alvarado, que assinalou que o país andino "renuncia de maneira unilateral e irrevogável a tais preferências tarifárias" e advertiu que não aceita pressões nem ameaças de ninguém.
O funcionário equatoriano realizou estas declarações em um momento em que o ex-técnico da CIA, reclamado pelos EUA sob acusações de espionagem, se encontra no aeroporto de Moscou à espera de uma resposta à solicitação de asilo feita a Quito.
No início de semana, a senadora republicana pela Flórida Ileana Ros-Lehtinen disse à Agência Efe que apoia retirar as preferências tarifárias ao Equador, e tomar outras represálias, se Quito oferecer asilo político a Snowden.
O próprio presidente do Equador, Rafael Correa, considerou nesta quinta-feira "inédito" tentar deslegitimar um país por receber um pedido de asilo e criticou "a insolência e prepotência de certos setores americanos que pressionaram para tirar as preferências tarifárias por causa do caso Snowden".
Os EUA é o principal parceiro comercial do Equador, com cerca de 35% do total do comércio do país andino, e que representa cerca de US$ 10 bilhões ao ano.
As preferências tarifárias que os EUA outorgam em certos produtos em compensação pela luta antidrogas, em vigor desde a década de 90, são renovados anualmente e sua validade expira no final de julho.
Fontes do Departamento de Estado evitaram dizer se os EUA já tinham enviado uma informação por escrito ao Equador sobre a situação legal do ex-técnico da CIA Edward Snowden, como tinha solicitado o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño. EFE