O governo dos Estados Unidos fez uma advertência ao presidente da Argentina, Javier Milei, após ele expressar em uma entrevista veiculada no domingo (28) que estava “agradavelmente surpreso” com o país comunista e suas potencialidades como parceiro comercial.
A declaração de Milei sobre a China ocorreu durante uma entrevista na Casa Rosada com a apresentadora Susana Giménez, na qual o libertário também revelou planos de visitar a China em janeiro de 2025, para participar de uma reunião da CELAC, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos.
Na conversa com Giménez, o presidente argentino destacou que, em sua opinião, a China é “um sócio comercial muito interessante” para o país sul-americano porque “não exige nada”, além de “solicitar que não o incomodem”. Ele também mencionou que, após uma reunião com o embaixador chinês, a Argentina “destravou” um acordo de swap financeiro, essencial para as reservas do Banco Central argentino.
Entretanto, segundo uma matéria veiculada pelo jornal Clarín nesta sexta-feira (4), as falas de Milei sobre a China geraram preocupações em Washington. Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA falou com o jornal argentino e fez uma advertência a Milei, dizendo que certos investimentos por parte dos chineses, especialmente em infraestrutura crítica e setores sensíveis, podem apresentar “grandes riscos” e até mesmo “infringir a soberania” da Argentina.
As recentes falas de Milei sobre a China marcam uma virada em seu posicionamento. Durante a campanha presidencial, no ano passado, o libertário havia declarado que “não negociaria com comunistas” e que suas principais alianças seriam com os Estados Unidos e Israel. Segundo o Clarín, os EUA observam com preocupação o avanço estratégico da China na América Latina.
Durante recente visita em Nova York, nos EUA, a secretária-geral da Presidência, Karina Milei, e outros ministros do governo libertário se reuniram com Wang Yi, chanceler do regime chinês, que expressou à comitiva o desejo do país comunista de expandir sua “cooperação” com a Argentina em diversas áreas. De acordo com o Clarín, o governo Milei busca neste momento atrair mais investimentos para setores estratégicos, como o lítio e o cobre, recursos que são de grande interesse para os Estados Unidos.