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O inspetor geral que supervisiona a ajuda humanitária dos Estados Unidos ao Afeganistão, John Sopko, disse ao Congresso americano nesta terça-feira (14) que o Talibã está se apropriando de parte do dinheiro enviado por Washington.
“Parece que a única maneira de garantir que nenhum dinheiro chegue ao Talibã seria eliminar toda a ajuda ao Afeganistão”, disse Sopko, o inspetor geral especial para a Reconstrução do Afeganistão (Sigar).
Em audiência perante o Comitê de Relações Exteriores da Câmara, Sopko comentou que as investigações de seu escritório “confirmam que aqueles que controlam as armas controlam a ajuda”.
Desde a saída das tropas dos EUA do Afeganistão em setembro de 2021, Washington aprovou mais de US$ 2,5 bilhões em ajuda humanitária e de desenvolvimento.
O Talibã criou uma rede que “interfere e desvia” o dinheiro que flui para a ajuda humanitária por meio de contratos e impostos, de acordo com o escritório do Sigar, que não está presente no Afeganistão desde 2021.
Sopko explicou que o Talibã exerce pressão para contratar pessoas ou empresas ligadas a eles para projetos financiados por ajuda ou cobrar impostos dos beneficiários da ajuda.
“Muitas pessoas nos EUA e em outros países doadores acreditam que estão enviando ajuda ao povo afegão evitando o Talibã. Isso pode ser visto como uma ficção útil, tranquilizando doadores e contribuintes, mas ignora o fato que o Sigar descobriu: é impossível contornar completamente o regime Talibã”, analisou.
O funcionário disse que “não há boas opções para os formuladores de políticas fornecerem assistência humanitária em um ambiente como o Afeganistão”, pois fechar a torneira levaria a “um desastre humanitário”.
“Se não fornecermos assistência, haverá um desastre humanitário. As pessoas simplesmente passarão fome e morrerão nas ruas”, declarou Sopko, que advertiu que os EUA também perderiam o “controle ou influência mínima” que Washington possa ter sobre o Talibã.
Na opinião de Sopko, “os doadores devem se conformar com a ideia de que alcançar um objetivo provavelmente custará outro”.