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Conflitos

EUA ainda vivem sob tensão racial 20 anos depois de revoltas

Obama se sentado no lugar ocupado por Rosa Parks em 1955, quando começou a luta contra a segregação racial nos EUA | Pete Souza (Casa Branca)/Divulgação
Obama se sentado no lugar ocupado por Rosa Parks em 1955, quando começou a luta contra a segregação racial nos EUA (Foto: Pete Souza (Casa Branca)/Divulgação)

Vinte anos atrás, exatamente num 29 de abril, começa­­ram os protestos em Los An­­geles depois da absolvição dos policiais brancos que espancaram Rodney King.

A violência contra o taxista negro havia ocorrido um ano antes, em 1991. Em três dias de protestos, a cidade da Califórnia conhecida por ser o centro da indústria cinematográfica norte-americana se tornou o centro de um inferno feito de depredações e incêndios que causaram mais de US$ 1 bilhão em estragos, 55 mortos e 2.300 feridos.

O economista e professor de ciência política Másimo della Justina, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), estava nos Estados Unidos na época dos conflitos e se lembra da cobertura quase ininterrupta das emissoras de tevê, mostrando a violência nas ruas californianas. Para ele, episódios de racismo ainda são frequentes em um país que tem, pela primeira vez em sua história, um presidente negro – o democrata Barack Obama.

Sean Purdy, professor de história dos Estados Unidos da Universidade de São Paulo (USP), afirma que a eleição de Obama foi um avanço limitado contra o racismo. "Ele, por acaso, é negro, mas tem recebido duras críticas da comunidade negra nos últimos anos", diz Purdy.

Della Justina afirma que a cor da pele de Obama não foi decisiva para a eleição. "Pelas condições econômicas em 2008, qualquer candidato teria derrotado o Partido Republicano", explica. O professor observa que o presidente nunca fez uso político de sua raça na Casa Branca e diz que a eleição dele não mudou as "patologias raciais".

Evolução

Apesar das dificuldades,­­ o professor de Direitos Hu­­manos Rui Dissenha defende que os direitos civis evoluíram nos Estados Unidos. "Isso não quer dizer que não existam problemas, não se pode imaginar que a questão dos preconceitos raciais se resolva, pois não se resolverá jamais.

Mas a sociedade americana parece mais apta hoje à convivência plural do que já foi em outras épocas."

Segundo Della Justina, epi­­sódios recentes como do jovem negro Trayvon Martin (morto pelo vigilante de ori­­gem hispânica George Zim­­merman, no início do ano), e muitos outros que acontecem e não ganham visibilidade, mostram que as tensões ainda existem. Mesmo quando o quesito ódio não está evidente no crime – caso de Zimmerman, que diz ter reagido em defesa própria.

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