A Líbia pode mergulhar numa guerra civil se Muammr Kadafi não deixar o poder, disseram os Estados Unidos na terça-feira, intensificando sua pressão pela queda do líder líbio.
Mas Kadafi não se rende, e enviou forças para uma zona de fronteira no oeste do país, enquanto seu filho Saif al Islam repetiu que o veterano governante não renunciará nem partirá para o exílio.
"Usar a força contra a Líbia não é aceitável. Não há razão, mas se eles quiserem... estamos preparados, não temos medo. Vivemos aqui, aqui morreremos", disse ele à TV Sky, um dia depois de os EUA concentrarem forças militares nos arredores da Líbia.
Kadafi, no poder desde 1969, já perdeu o controle sobre grande parte do país, após duas semanas de revolta, a mais sangrenta na atual onda de levantes no mundo árabe.
Em Moscou, uma fonte do Kremlin sugeriu que Kadafi deveria renunciar, pois se trata de "um cadáver político vivo." O primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou inaceitável que o "coronel Kadafi esteja assassinando sua própria gente, usando aviões e helicópteros armados."
Em depoimento lido a parlamentares norte-americanos, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmou que "a Líbia pode se tornar uma democracia pacífica, ou pode enfrentar uma prolongada guerra civil."
A embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas (ONU), Susan Rice, disse que os EUA continuarão a aplicar pressão sobre Kadafi até que ele caia, trabalhando para estabilizar os preços do petróleo e evitar uma crise humanitária.
Ela não chegou a comentar as propostas de que o governo Obama imponha uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, o que impediria Kadafi de usar sua aviação contra os rebeldes.
O general James Mattis, chefe do Comando Central dos EUA, disse ao Senado que essa seria uma operação "desafiadora", que necessariamente resultaria em um ataque.
"Você precisa eliminar a capacidade de defesa aérea (do outro país) para estabelecer uma zona de exclusão, então que ninguém tenha ilusões aqui. Seria uma operação militar, não só dizer às pessoas para que não voem com aviões."
Analistas dizem que os líderes ocidentais não têm nenhum apetite por um conflito na Líbia, depois dos exaustivos e complicados envolvimentos militares no Afeganistão e Iraque.
"Eles ficarão desesperados para não se colocarem nessa situação, a não ser que do contrário isso resulte em massacres ainda piores", disse Shashank Joshi, do Real Instituto de Serviços Unidos, de Londres.