Moscou demonstrou preocupação com os planos de Washington de enviar um esquadrão de drones para a Polônia, disse o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, a repórteres russos nesta quinta-feira (13).
O presidente americano Donald Trump havia anunciado na quarta-feira (11) a expansão da relação militar com a Polônia, incluindo a possibilidade de tropas adicionais servindo em uma nova base polonesa que Trump disse que seria "de alto nível".
O plano, ainda vago e incompleto, foi anunciado durante uma visita do presidente da Polônia, Andrzej Duda. Trump falou abertamente que seu objetivo era reforçar a Polônia e punir a vizinha Alemanha, importante aliada dos EUA, onde 34 mil soldados americanos estão posicionados.
Duda disse que o aumento das forças é um sinal de que os EUA agora confiam na Polônia como sede para militares americanos. Atualmente, cerca de 4.500 militares dos EUA se alternam na Polônia como forma de dissuasão à Rússia, mas não têm base permanente lá.
O acordo assinado pelos dois líderes diz que os EUA concordaram em estabelecer uma pequena base de comando para algumas centenas de forças americanas na Polônia, além de centros de treinamento de combate em alguns locais do país, com a condição de que a Polônia pague por essas unidades.
Além disso, os EUA concordaram em estabelecer um esquadrão de drones da Força Aérea americana na Polônia, que vai fazer atividades de inteligência, monitoramento e reconhecimento.
"Estamos certamente preocupados porque isso reflete tentativas de aumentar as tensões militares na Europa, particularmente no chamado flanco oriental da OTAN", disse ele. "Falsas desculpas são usadas para implementar programas que desestabilizam e escalam a situação", disse o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, segundo a agência russa Tass.
Também nesta quinta-feira, parlamentares russos disseram que o novo envio militar americano para a Polônia obrigaria Moscou a tomar medidas de retaliação. Um deles disse ainda que a medida tornaria a Polônia um alvo no caso de um conflito.
"No caso de qualquer conflito, que Deus nos livre, o território da Polônia se tornaria um alvo claro para um ataque retaliatório, se de repente houvesse um ataque contra nós", Vladimir Dzhabarov, vice-chefe do comitê de assuntos internacionais do Parlamento, disse à agência de notícias Interfax.
Outro parlamentar, o ex-comandante das forças especiais da Rússia Vladimir Shamanov, chefe do comitê de defesa do Parlamento, disse que se preocupa com os drones americanos porque eles têm potencial para transportar armas nucleares.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta quinta-feira que Moscou está monitorando o plano americano "bem de perto".
O Ministério de Relações Exteriores russo disse que o plano de reforço para a Polônia é uma traição do acordo feito entre a Rússia e a Otan em 1997 que diz que a aliança ocidental não posicionaria forças significativas de forma permanente nos territórios de seus membros mais novos.
"Vemos nisto sinais da preparação para futuros destacamentos de larga escala. Tais ações minam um dos poucos documentos restantes destinados a garantir a estabilidade militar na Europa", disse o Ministério.
O presidente Vladimir Putin disse em entrevista nesta quinta-feira que a relação entre Rússia e Estados Unidos está "cada vez pior".
Reforço militar na Crimeia
A Rússia acrescentou tropas, aviões e armas à península da Crimeia, na Ucrânia, em um significativo aumento de forças nos últimos 18 meses, segundo oficiais de inteligência e observadores dos Estados Unidos, e novas fotos de satélite que revelam as localizações de novos sistemas de defesa aérea S-400, além de melhorias à infraestrutura de bases da era soviética, informou o site de notícias americano Defense One.
Esses oficiais de inteligência e observadores disseram ao Defense One que esse poder de fogo adicional dá a Moscou maior controle defensivo no Mar Negro e coloca caças e navios mais perto do Oriente Médio.
As fotos foram tiradas entre janeiro de 2018 e abril de 2019, e mostram cinco baterias de S-400, cinco sistemas de defesa aérea S-300 e caças em quatro locais.
Os observadores disseram que esse desenvolvimento provavelmente significa que Moscou não tem intenção de devolver em curto prazo o território que tomou da Ucrânia em 2014. Em vez disso, o reforço sugere que a Rússia "está interessada em ser capaz de exercer mais controle sobre o Mar Negro, o que os concede a habilidade de exercer poder além de seu ambiente imediato", disse Sarah Bidgood, diretora do Programa da Eurasia de Não-Proliferação no Middlebury College. "Esse é um crescimento significativo. A Otan estará sob crescente pressão dos aliados na região para mostrar que é capaz de rejeitar as tentativas russas de ganhar mais controle do Mar Negro. Para mim, esse é um ambiente perigoso", disse Bidgood ao Defense One.