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A União Europeia (UE) evitou concretizar um novo pacote de sanções contra a Rússia, enquanto os Estados Unidos e o Reino Unido anunciaram mais retaliações contra Moscou.
A maratona de cúpulas em Bruxelas na quinta-feira (24) começou com uma reunião da OTAN, seguida de outra do G7 e terminou com um Conselho Europeu, em que o presidente dos EUA, Joe Biden, participou como convidado excepcional. Ele destacou, mais uma vez, a unidade dos parceiros ocidentais contra Vladimir Putin e a necessidade de Washington e do bloco europeu permanecerem "unidos" e "alinhados em suas sanções".
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também participou da cúpula, por videoconferência, e agradeceu aos países ocidentais por seu apoio "militar e humanitário", embora tenha pedido mais sanções contra Moscou e, especificamente, contra o setor de energia, que alimenta a máquina de guerra de Putin.
Zelensky afirmou aos líderes europeus que as sanções que aprovaram contra a Rússia ao longo deste mês de invasão chegaram "um pouco tarde", uma vez que não conseguiram evitar a guerra.
"Vocês aprovaram sanções. Estamos gratos. São passos poderosos. Mas chegaram um pouco tarde. Porque se fossem preventivas, a Rússia não teria ido à guerra", disse.
O presidente ucraniano dirigiu-se a cada um dos líderes, mas reservou uma atenção especial para a Hungria. "Você tem que decidir por si mesmo com quem está", completou, referindo-se ao relacionamento próximo do primeiro-ministro hungáro, Viktor Orbán, com o presidente russo, Vladimir Putin.
Impasse na Europa
Apesar da sincronização transatlântica, a União Europeia não quer, sobretudo, proibir as importações de hidrocarbonetos russos, como fizeram os Estados Unidos.
Países como Polônia, Finlândia e as nações bálticas, que fazem fronteira com a Rússia, querem avançar nesta linha mais difícil para acabar com o conflito o mais rápido possível. No entanto, a maioria do bloco acredita que essa abordagem seria contraproducente, pois a lógica das medidas corretivas é que elas prejudiquem mais o sancionado do que o sancionador e que possam ser sustentadas ao longo do tempo.
"Não é realista, mas não apenas para a Áustria, nem para a Bulgária, República Tcheca, Eslováquia ou Hungria, todos somos de alguma forma afetados pelo gás russo", disse o chanceler austríaco, Karl Nehamer.
Enquanto os Estados Unidos são um produtor de energia cujas importações russas são marginais (8% de petróleo e produtos refinados, 5% de carvão e 0,5% de gás em 2021), os combustíveis russos têm um peso fundamental na engrenagem produtiva da UE (27% do petróleo, 46% do carvão e 40% do gás).
"Não estamos em guerra contra nós mesmos", ressaltou o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, cuja posição coincide com a de Luxemburgo, Irlanda, Holanda e Alemanha, países que consideram que banir os hidrocarbonetos russos significaria jogar a UE em uma recessão econômica.
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