O presidente dos EUA, Barack Obama, pretende se manter acima da política partidária no seu discurso do Estado da União, na terça-feira, mas precisa provar sua disposição em confrontar o déficit público, o que pode ser motivo de duras disputas entre republicanos e democratas.
No discurso anual ao Congresso, a partir das 21h (0h de quarta-feira em Brasília), Obama deve salientar a busca de pontos em comum com os republicanos para promover a criação de empregos e o crescimento econômico, lançando a mensagem centrista que deve dominar sua campanha à reeleição no ano que vem.
Depois da dura derrota do seu Partido Democrata na eleição legislativa de novembro, Obama recuperou parcialmente sua popularidade nas últimas semanas, refletindo a cooperação bipartidária com os republicanos na renovação de benefícios tributários.
O tom habitualmente hostil da retórica em Washington também foi aplacado nos últimos dias por causa do interesse dos dois partidos em levarem mais civilidade à política, depois do atentado que matou seis pessoas e feriu 13, inclusive a deputada Gabrielle Giffords, neste mês no Arizona.
Familiares de uma menina de 9 anos morta no incidente foram convidados para assistir ao discurso com a primeira-dama Michelle Obama, e alguns parlamentares pretendem romper com a prática de se sentarem em blocos partidários no plenário.
Mas os dois partidos mantêm profundas divisões a respeito de como conter o déficit público, que até 31 de março deve atingir o limite máximo previsto em lei, 14,3 trilhões de dólares.
Os republicanos são favoráveis a cortes de gastos, enquanto muitos democratas preferem aumentar impostos sobre os norte-americanos mais ricos. Obama está sob pressão para apresentar suas propostas.
"O presidente deve focar em preparar o país para a necessidade de um pacote abrangente de consolidação fiscal", disse o Comitê por um Orçamento Federal Responsável, uma organização bipartidária.
Obama pode falar também sobre a hipótese de elevar o teto de endividamento, ideia que enfrenta resistência de alguns republicanos, mas que segundo investidores seria crucial para que o país evitasse uma moratória.
David Walker, que foi diretor de orçamento do governo na gestão de Bill Clinton, disse que Obama precisaria explicar que o déficit cresceu por causa de fatores emergenciais causados pela recessão, mas também deveria assegurar aos norte-americanos que ele tem um plano de longo prazo.
Obama diz que irá usar o discurso para falar a respeito de medidas que elevem a competitividade dos EUA, gerem empregos e estimulem o crescimento econômico, além de tratar o déficit e a dívida de maneiras "responsáveis".
O desemprego atinge atualmente cerca de 14,5 milhões de norte-americanos, ou 9,4% da força de trabalho. Por isso, a Casa Branca quer garantir que eventuais cortes nos gastos públicos federais não irão abalar a gradual recuperação econômica do país.
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