O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tentou neste sábado (14), durante a Cúpula das Américas, na Colômbia, convencer seus céticos colegas latino-americanos de que Washington não virou as costas para a região, mas descartou uma reviravolta em sua política de combate ao tráfico de drogas, algo que alguns líderes locais desejavam.

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Apesar de vários assuntos relevantes serem discutidos durante os dois dias de encontros, a maioria das conversas de corredor debatia um escândalo envolvendo alguns agentes do serviço secreto de Obama, que foram mandados de volta para casa por "má conduta".

Uma fonte policial colombiana e a imprensa norte-americana informaram que prostitutas estão envolvidas no escândalo, mas não houve pronunciamentos oficiais.

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"Tive um encontro no café da manhã para discutir comércio e drogas, mas a única coisa que os outros delegados queriam falar era sobre a história dos agentes com as prostitutas", afirmou um diplomata latino-americano na cidade histórica de Cartagena.

Sem se referir ao assunto, Obama rebateu acusações de que está sendo negligente com a América Latina enquanto lidava com conflitos no Iraque e no Afeganistão e resolvia outras prioridades globais.

"Nunca estivemos mais animados com a perspectiva de trabalhar como parceiros igualitários com nossos irmãos e irmãs da América Latina e do Caribe", afirmou Obama a empresários em um encontro antes do início da reunião entre chefes de Estado, que continuará no domingo.

Obama também saudou o potencial para elevar o comércio entre os "quase um bilhão de consumidores" das Américas do Norte e do Sul se os países melhorarem suas relações comerciais.

A realidade, entretanto, é diferente. A China se aproveitou do afastamento dos EUA da América Latina e é agora a maior parceira comercial de vários países, incluindo o Brasil, maior potência regional.

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Tentando a reeleição em novembro, Obama está sob pressão dos eleitores para mostrar que suas políticas externas dão prioridade ao comércio que cria empregos nos EUA.

Debates Antigos

Líderes latino-americanos, contudo, querem que os EUA sejam mais engajados em assuntos como a reaproximação com a Cuba comunista e uma revisão nas políticas antidrogas do país, incluindo a possível legalização como uma forma de retirar os lucros do comércio.

"Às vezes, essas controvérsias vêm de antes do meu nascimento. E, às vezes, sinto-me como se estivesse em uma deformação do tempo... voltando aos anos 1950, à diplomacia de navios de guerra, aos Yankees, à Guerra Fria, isso e aquilo", disse Obama.

Apesar de exaltar o forte crescimento econômico da América Latina e ter mostrado entusiasmo sobre o comércio, o presidente dos Estados Unidos foi firme em rejeitar pedidos para legalizar o cultivo ou o consumo de drogas.

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Muitas pessoas na América Latina sentem que um método mais moderno é necessário sobre o assunto, algo que se distancie das políticas linha-dura após décadas de violência, especialmente em nações produtoras e consumidoras de drogas, como Colômbia e México.

"Eu não me importo com um debate sobre assuntos como a descriminalização. Eu pessoalmente não concordo que essa é a solução do problema", afirmou Obama. "Mas eu acho que, dadas as pressões que muitos governos aqui sofrem, com poucos recursos, dominados pela violência, é completamente compreensível que busquem novos métodos, e queremos cooperar com eles."

A popstar colombiana Shakira levou um pouco de showbiz aos trabalhos ao cantar o Hino Nacional colombiano para mais de 30 chefes de Estado presentes ao início do encontro.

Ausente do sexto encontro desse tipo feito pela Organização dos Estados Americanos estava o presidente do Equador, Rafael Correa, que está boicotando o evento por causa da exclusão cubana. Hugo Chávez, da Venezuela, também não está, pois trata um câncer.

Brasil

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A presidente Dilma Rousseff criticou a política monetária expansionista dos países ricos, que estão enviando muitos fundos para os países em desenvolvimento, valorizando o câmbio e prejudicando a competitividade.

"A forma pela qual esses países mais desenvolvidos, especialmente no último um ano e meio, têm reagido à crise, através sobretudo da expansão monetária, provoca um verdadeiro tsunami monetário", afirmou Dilma em seu discurso.

"Temos que tomar medidas para nos defender. Defender é diferente de proteger. A defesa significa que não podemos deixar que nossos setores manufatureiros sejam canibalizados", acrescentou ela, cujas ações para barrar importações foram classificadas como protecionismo por alguns países da região.