Os Estados Unidos e a China tiveram na noite de sábado (18) uma reunião tensa sobre o suposto balão de espionagem chinês abatido no espaço aéreo norte-americano, segundo informou a imprensa norte-americana e sinalizaram o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi.
A reunião, que ocorreu em meio à Conferência de Segurança de Munique, foi a primeira interação pessoal entre Blinken e Wang Yi. O secretário de Estado norte-americano deixou claro que os EUA não têm dúvidas de que a China estava tentando vigiar a nação norte-americana por meio do balão derrubado na costa da Carolina do Sul no início deste mês.
"Tivemos uma conversa muito direta e muito clara sobre o balão de vigilância chinês sendo enviado sobre nosso território, violando nossa soberania, violando o direito internacional", declarou Blinken à ABC News. "Eu disse a Wang Yi, meu homólogo chinês, que essa ação era inaceitável e nunca deveria acontecer novamente", acrescentou.
A ABC ainda informou que a longa discussão entre os dois mostrou "fraturas profundas" entre ambas superpotências e "gerou temores" de que a relação bilateral entre Estados Unidos e China "possa estar se deteriorando a níveis perigosos". Blinken também esclareceu que as preocupações dos EUA com Pequim vão além da espionagem. O secretário norte-americano expressou sua "crescente preocupação" de que China possa estar considerando fornecer ajuda militar à Rússia para apoiar sua invasão em curso da Ucrânia.
"A China tem se empenhado em fornecer apoio retórico, político e diplomático à Rússia", disse Blinken à ABC. "Mas temos informações que nos preocupam de que eles estão considerando fornecer apoio letal à Rússia na guerra contra a Ucrânia. E foi importante para mim compartilhar muito claramente com Wang Yi que isso seria um problema sério", complementou.
O possível apoio militar da China à Rússia é um foco central da conferência em Munique. Em entrevista à NBC News, Blinken reforçou o tom da conversa e ainda disse que "não houve pedido de desculpas" por parte de Wang.
Chanceler chinês classifica reação dos EUA como "histérica" e "ridícula"
O chanceler chinês considerou "absurda" a reação dos Estados Unidos ao suposto balão de espionagem. Wang Yi classificou, ainda, como "histérica" e "ridícula". "Dissemos repetidamente aos Estados Unidos que se tratava de um dirigível não tripulado de origem civil. Ao redor do mundo há muitos balões, os norte-americanos vão tentar abater todos eles?", questionou em painel na Conferência de Segurança de Munique.
Wang disse que os EUA foram claramente informados de que se tratava de um balão civil que desviou de seu curso e indicou que não apresentava nenhum risco de segurança. "Aconselhamos os EUA a não fazer uma coisa ridícula dessas novamente", comunicou durante a conferência em Munique. "Lamentavelmente, os Estados Unidos desconsideraram esses fatos. Isso não mostra força da América, mostra o oposto", comentou.
Durante sua fala no evento, Wang também manifestou a intenção da China em apoiar as negociações de paz e disse que atritos entre países existem, mas criticou o que considera como "campanhas de difamação" e "sanções unilaterais", informou o jornal O Estado de S. Paulo. "Estamos profundamente preocupados com a extensão da crise. Não somos uma parte envolvida, mas não ficamos com os braços cruzados", declarou.