Biden e Trump: visões opostas sobre a Amazônia brasileira.| Foto: Jim Watson e Olivier Douliery/AFP
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Prever o resultado de uma eleição é tarefa difícil. Prever o resultado de uma eleição presidencial de um país enorme e diversificado como os Estados Unidos – e ainda em meio uma epidemia global – é ainda mais. A cereja do bolo: as pesquisas eleitorais do pleito de 2016 erraram feio, conferindo uma pitada de descrédito às previsões deste ano, que indicam uma vitória apertada para o democrata Joe Biden, em oposição ao atual presidente norte-americano, Donald Trump.

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Ao mesmo tempo, o sistema eleitoral americano (em que cada estado tem um peso diferente na computação geral dos votos) facilita a análise se olharmos para os chamados swing states, unidades da federação cuja identificação com um partido muda conforme o pleito.

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Os estados que podem definir a eleição presidencial deste ano são Arizona (que soma 11 votos no Colégio Eleitoral), Florida (29), Geórgia (16), Michigan (16), Minnesota (10), Carolina do Norte (15), Pensilvânia (20) e Wisconsin (10), que totalizam 127 votos, de um total de 538.

Em 2016, Trump ganhou em todas essas localidades, exceto em Minnesota, e vai precisar repetir a dose se quiser se reeleger.

As pesquisas eleitorais deste ano apontam leve vantagem de Biden na Pensilvânia, Michigan, Minnesota e Wisconsin. Os outros estados seguem empatados. Porém, se não é seguro que as pesquisas indiquem de fato o vencedor, podemos analisar outros fatores que podem ajudar a compor um quadro geral da eleição antes de 3 de novembro.

Cada estado americano tem sua própria lei eleitoral e os eleitores têm prazos diferentes para se registrar para a votação. Durante esse processo, em alguns locais, o eleitor pode indicar em qual partido ele pretende votar. Isso não o obriga a votar necessariamente naquela legenda ou candidato, mas se trata de um bom indicador de qual lado está mais entusiasmado, “vestindo a camiseta”, por assim dizer.

Esse indicativo apresenta algumas informações que mudam um pouco a percepção de como poderá ser o resultado das eleições presidenciais de 2020 nos EUA.

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Flórida

Começando com o swing state que mais conta votos no Colégio Eleitoral e também um dos mais conhecidos pelos brasileiros, por suas praias e parques temáticos. De acordo com os dados divulgados pelas autoridades eleitorais da Flórida, o registro de votantes indicou cerca de 5,2 milhões de democratas contra 5 milhões de republicanos, além de 3,7 milhões sem afiliação a nenhum dos partidos principais. O que demonstra uma votação bastante apertada, conforme mostram as pesquisas.

Mas se a série histórica de registros for observada, a diferença entre os partidos diminuiu. Os republicanos tinham 263.242 eleitores a menos registrados em 2017 - neste ano, são 183.596. Se levarmos em conta que o aumento total de eleitores registrado no período foi de aproximadamente 1,2 milhão, isso mostra o esforço que os republicanos fizeram para diminuir a distância em relação ao Partido democrata.

Os dados apontam para um empate técnico, mas o crescimento do entusiasmo com o Partido Republicano é notável e pode fazer a diferença na hora da eleição.

Arizona

No estado do Grand Canyon, foram os democratas que diminuíram a margem de eleitores registrados. Segundo os dados estaduais, foram 3.989.214 eleitores registrados no total este ano; destes, aproximadamente 1,4 milhão são republicanos e 1,3 milhão, democratas. Cerca de 1,3 milhão não apresentaram preferência partidária.

A diferença entre os partidos, que era de 148.291 para os republicanos em 2016, baixou para 96.886 em 2020.

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Apesar de a margem ainda favorecer os republicanos, os democratas estão confiantes que podem ganhar o estado, tanto que a campanha de Biden está investido pesado no Arizona. Por quatro semanas consecutivas, começando em 22 de setembro, Biden gastou mais no mercado de mídia da capital Phoenix do que em qualquer outro lugar do país. A revista Politico informou que, somente na semana passada, Biden gastou US$ 4 milhões no Arizona, em comparação com US$ 1 milhão de Trump.

Carolina do Norte

Na Carolina do Norte, os democratas tiveram uma queda no número de eleitores registrados em relação a quatro anos atrás. Eles possuíam cerca de 2,695 milhões e hoje apresentam uma leve queda - são 2,586 milhões. Já os republicanos foram de 2,051 milhões para 2,186 milhões, aproximadamente.

Na eleição passada, Trump venceu Hillary no estado por uma margem próxima a 200 mil votos. O engajamento dos eleitores de Trump parece ter aumentado nos últimos quatro anos. Apesar de as pesquisas indicarem um empate técnico, o entusiasmo dos republicanos pode levar o atual presidente à reeleição, ao menos na Carolina do Norte.

Pensilvânia

Um dos estados-chave para a vitória de Trump na eleição passada, a Pensilvânia apresenta uma quantidade maior de eleitores registrados no Partido Democrata. Os dados oficiais em 2020 apontam 4,186 milhões de eleitores para Biden contra 3,754 milhões para Trump e 882.205 sem afiliação

Assim como as pesquisas de opinião, os dados de registro de eleitores demonstram desde já que Biden tem leve vantagem contra Trump e que o número de pessoas que ainda não decidiram seu voto é bem mais baixo proporcionalmente do que o da Flórida, por exemplo.

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Se observamos a série histórica, porém, em 2016, os democratas tinham aproximadamente 4,217 milhões de eleitores registrados e os republicanos, 3,301 milhões. Ou seja, o número de eleitores registrados democratas diminuiu e o de republicanos aumentou. Não é improvável, portanto, uma virada republicana como a que aconteceu na última eleição.

Outros estados

Georgia, Michigan, Minnesota e Wisconsin não apresentam dados de eleitores registrados por partido. Mas é possível analisar algumas informações relevantes da imprensa local a fim de obter uma visão geral do que pode ocorrer.

Em Wisconsin, as pesquisas apontam uma provável vitória de Biden (53%) sobre Trump (46%), mas o Wiscosin State Journal apresentou uma informação que pode fazer a diferença: nos 60 condados onde Trump ganhou em 2016 houve uma queda de 2,35% no total de eleitores registrados em comparação com 2020, já nos 12 condados em que Clinton ganhou a queda foi ainda maior, 4,51%. O jornal aponta que essa diferença pode ser atribuída em parte às dificuldades decorrentes do coronavírus, mas tudo indica que será um jogo duro num estado no qual Trump venceu em 2016 por menos de 23 mil votos.

Já em Minnesota, onde os republicanos perderam em 2016, as pesquisas apontam nova vitória para os democratas neste ano, com 54% de preferência para Biden. Ocorre que a imprensa local afirma que os republicanos estão se esforçando muito para virar o jogo. Em 2016, a diferença foi de apenas 1,5%.

Michigan foi a vitória mais apertada de Trump da eleição de 2016, já que uma margem de apenas 0,23% o separou de Hillary Clinton. As pesquisas indicam uma vitória de Biden (52%-46%), mas a mídia americana já apontou que os republicanos estão cientes de que tinham 872 mil votos potenciais a mais em 2016 e correm para registrar esses eleitores. A revista Político aponta, entretanto, que o voto feminino vai fazer a diferença nesse estado - e pode ser o trunfo que Biden precisa para vencer.

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Na Geórgia, os registros mostram um aumento considerável de eleitores jovens em relação à eleição passada. O número de votantes com menos de 25 anos aumentou de 6% para 12,3% na composição total, e a quantidade de eleitores com idade entre 25 e 34 anos aumentou em 1,5%. Os democratas contam com essa mudança demográfica na eleição de 2020 ano para mudar a cor do estado, já que o partido é tradicionalmente ligado aos mais jovens. Outro indicador a ser levado em conta é que na eleição para governador em 2018, Brian Kemp do Partido Republicano (e vencedor do pleito) melhorou as margens de Trump em cerca de 2 pontos em todos os condados rurais, sugerindo que há espaço para Trump crescer na Geórgia.