Os Estados Unidos compararam nesta segunda-feira (21) os esforços de vários países ocidentais para responsabilizar a Rússia pela guerra na Ucrânia com os Julgamentos de Nuremberg, que colocaram nos bancos dos réus funcionários de alto escalão do regime nazista.
“Estamos vivendo em um momento como o de Nuremberg, quando os Aliados se uniram no final da Segunda Guerra Mundial para fazer justiça diante de crimes inimagináveis”, disse a embaixadora especial dos EUA para Justiça Global, Beth Van Schaack, durante uma entrevista coletiva por telefone.
A embaixadora enfatizou que agora é a hora de a comunidade internacional processar “os responsáveis por crimes de guerra e outras atrocidades que estão ocorrendo na Ucrânia”.
Van Schaack lembrou que a extinta União Soviética teve um papel fundamental nos Julgamentos de Nuremberg do século passado e criticou o fato de Moscou estar atualmente “virando as costas ao seu próprio legado”.
Apesar de tudo, opinou que “o mundo nunca esteve tão unido em torno da necessidade de responsabilização pela terrível violação do direito internacional representada pela guerra deflagrada pela Rússia”.
Van Shaack ressaltou que um dos maiores desafios neste processo será a captura dos supostos criminosos e admitiu que “será difícil avançar” se os perpetradores permanecerem na Rússia e aquele país não vivenciar “uma mudança política”.
No entanto, a embaixadora lembrou que em ocasiões anteriores foi possível capturar acusados que saíram de seus países, como o chileno Augusto Pinochet e o iugoslavo Slobodan Milosevic.
“Há muito que pode ser feito”, declarou Van Schaack, como documentar crimes de guerra na Ucrânia e proteger testemunhas e sobreviventes para levar o caso ao Tribunal Penal Internacional.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro, foram registrados milhares de casos que podem constituir crimes de guerra cometidos por tropas russas, como execuções extrajudiciais, uso de campos de concentração ou envio de crianças ucranianas para a Rússia.
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