O governo dos Estados Unidos comprou praticamente todo o estoque dos próximos três meses do medicamento remdesivir, usado no tratamento de pacientes de Covid-19. Com o acordo fechado entre a administração Trump e a empresa farmacêutica Gilead, nenhum outro país conseguirá comprar o medicamento nesse período.
Na segunda-feira (29), o governo Trump anunciou o acordo que garantiu o suprimento do redemsivir pela Gilead para os EUA até setembro. A droga, a primeira aprovada por autoridades americanas para o tratamento da infecção pelo novo coronavírus, ajuda na recuperação de pacientes graves da doença.
"O presidente Trump fechou um acordo incrível para garantir que os americanos tenham acesso à primeira terapêutica autorizada para a Covid-19", disse em comunicado o secretário do Departamento de Serviços de Saúde e Humanos dos EUA (HHS), Alex Azar. "Na medida do possível, queremos garantir que qualquer paciente americano que precise de remdesivir possa obtê-lo", completou.
O HHS garantiu quantidade suficiente do medicamento para o tratamento completo de mais de 500 mil pacientes para hospitais americanos até setembro. Segundo o órgão do governo, isso representa 100% da produção projetada da Gilead para julho (94.200 tratamentos), 90% da produção de agosto (174.900 tratamentos) e 90% da produção prevista para setembro (232.800 tratamentos), além de uma quantidade que será usada em ensaios clínicos. O tratamento com remdesivir exige, em média, 6,25 frascos.
Segundo reportagem do jornal britânico The Guardian, especialistas ficaram alarmados com a ação unilateral dos EUA e com as implicações da decisão para outros casos em que os países precisem garantir suprimentos médicos, como no caso da disponibilidade de uma vacina contra o coronavírus. "Eles tiveram acesso à maioria do fornecimento [de remdesivir], então não sobrou nada para a Europa", disse Andrew Hill, pesquisador visitante sênior da Liverpool University ao jornal.
O tratamento com redemsivir custa em torno de US$ 3.200 por paciente (cerca de R$ 17.400). A Gilead havia anteriormente doado 120 mil doses do medicamento a hospitais americanos. Como o medicamento é patenteado, nenhum outro país poderá produzi-lo.
Nos Estados Unidos, o aumento do número de novos casos registrados de Covid-19 tem deixado o país em alerta. Nesta terça-feira (30), o principal assessor da Casa Branca para doenças epidemiológicas, Anthony Fauci, disse em audiência no Senado que teme que o país chegue ao índice de 100 mil casos novos de Covid-19 por dia caso não sejam tomadas medidas para conter a pandemia.
O país registrou até esta terça-feira mais de 127 mil mortes por Covid-19, entre 2,6 milhões de casos confirmados da doença. O número de pacientes recuperados nos EUA é de pouco mais de 720 mil, segundo a Universidade Johns Hopkins.
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