Um ex-contratado da área de defesa e inteligência que vendeu documentos secretos ao governo chinês, e depois alegou que estava trabalhando em um esquema reverso para expor os métodos chineses de espionagem, foi condenado na sexta-feira (17) a 20 anos de prisão por entregar segredos dos EUA a um governo estrangeiro.
Kevin P. Mallory, 62 anos, de Leesburg, no estado da Virgínia, é um veterano do Exército que também trabalhou para a Agência Central de Inteligência (CIA) e a Agência de Inteligência da Defesa (DIA), e tinha credenciais de segurança para acessar documentos 'ultrassecretos' até parar de trabalhar como contratado da CIA em 2012. Em seguida, ele lançou seu próprio negócio de consultoria.
Mas cinco anos depois, os negócios de Mallory estavam indo mal, e os promotores disseram que ele corria o risco de perder sua casa de US$ 900 mil em Leesburg. Em fevereiro de 2017, ele foi contatado pela rede social LinkedIn por um recrutador da Academia de Ciências Sociais de Xangai, um think tank que os promotores acreditam ser uma fachada para atividades de espionagem chinesa.
Venda de documentos confidenciais
Mallory fez então duas viagens à China, recebeu
de autoridades chinesas um telefone celular modificado para conduzir conversas secretas e recebeu um total de US$ 25 mil em troca de documentos, as evidências mostraram. O governo disse que oito desses documentos continham informações confidenciais, embora não esteja claro se seis deles foram realmente enviados.
"O seu objetivo é obter informações, e o meu objetivo é ser pago por isso", disse Mallory em uma mensagem para os chineses, segundo documentos judiciais.
Então, em maio de 2017, Mallory se aproximou da CIA para informar a agência sobre sua operação, dizendo que ele estava sendo recrutado pela inteligência chinesa. Ele entregou o celular modificado, onde o FBI encontrou as mensagens que ele trocou com os chineses. Mallory alegou que havia entregue apenas dois documentos "essencialmente sem valor" e não sigilosos em troca dos US$ 25 mil, disseram seus advogados. Os promotores disseram que os documentos eram considerados secretos e relacionados ao trabalho para a CIA de americanos infiltrados, e que Mallory já havia sido o gerenciador desses documentos.
Os promotores notaram que Mallory havia sido anteriormente acusado de compartilhar informações confidenciais com um empreiteiro do Departamento de Defesa em 2010, enquanto tentava iniciar seu negócio de consultoria, e sua credencial de segurança foi revogada.
Esquema duplo
Os advogados de Mallory argumentaram que ele "forneceu informação de inteligência extremamente valiosa para os Estados Unidos, especificamente um celular da Samsung contendo um aplicativo de comunicação secreto usado pela inteligência chinesa". Eles disseram que o valor do que Mallory forneceu aos Estados Unidos excedeu em muito o valor do que ele forneceu aos chineses, e então o tribunal foi fechado na sexta-feira para permitir que os dois lados discutissem essa informação em detalhes, embora membros da CIA, da DIA e do FBI tiveram autorização para permanecer.
Mallory falou apenas brevemente na sexta-feira no tribunal federal em Alexandria, Virgínia. "Meu amor pelo meu país nunca vacilou", disse ele. "Eu amo minha família muito profundamente." Seus advogados o aconselharam a não discutir o caso enquanto aguardavam uma apelação.
Mallory foi preso em junho de 2017 e eleito para levar seu caso a julgamento, que foi acompanhado de perto por representantes de várias agências de inteligência. Em junho de 2018, um júri condenou Mallory em todas as quatro acusações de espionagem apresentadas pelo governo.
O juiz distrital dos EUA T.S. Ellis, em seguida, negou provimento a duas das acusações envolvendo a entrega dos documentos, porque os promotores não provaram que Mallory estava no Distrito Leste da Virgínia quando os documentos foram enviados. Mas sua condenação por uma acusação de conspiração para reunir ou fornecer informações de defesa para ajudar um governo estrangeiro permaneceu.
Diretrizes federais de condenação voluntárias pediam uma sentença de prisão perpétua para Mallory. Mas Ellis disse que não impôs isso porque nenhum recurso de inteligência foi revelado aos chineses.
"Se eu tivesse concluído que as fontes haviam sido comprometidas", disse o juiz, "eu imporia uma sentença muito mais severa".
Ellis disse que impôs 20 anos, além de uma sentença simultânea de cinco anos por mentir para o FBI, para enviar a mensagem de que "se você escolher jogar com outro país e dar informações a outro país, você tomou a decisão de cometer um crime."
Outros casos de espionagem
Mallory é um dos três ex-oficiais de inteligência acusados nos últimos anos de ajudar a China.
Jerry Chun Shing Lee, um ex-agente da CIA que foi por muito tempo suspeito de ser um espião para o governo chinês, se declarou culpado este mês na Virgínia e também será sentenciado por Ellis. Ron Rockwell Hansen, um ex-oficial da Agência de Inteligência da Defesa, declarou-se culpado em Utah em março em conexão com sua tentativa de transmitir informações de defesa para a China.
"Infelizmente, este caso não é um incidente isolado", disse o procurador-geral assistente John Demers após a condenação de Mallory no ano passado. "O governo chinês é um adversário sofisticado e determinado".
Como a eleição de Trump afeta Lula, STF e parceria com a China
Moraes não tem condições de julgar suposto plano golpista, diz Rogério Marinho
Policial federal preso diz que foi cooptado por agente da cúpula da Abin para espionar Lula
Rússia lança pela 1ª vez míssil balístico intercontinental contra a Ucrânia
Deixe sua opinião