Os Estados Unidos criticaram ontem a sentença de morte dada pelo Irã ao ex-fuzileiro naval Amir Mirzai Hekmati, que tem dupla cidadania norte-americana e iraniana, e disseram que as acusações de que ele trabalhava para a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), são "falsas".
Hekmati teria 20 dias para apelar da sentença segundo a mídia iraniana. Se ele fizer isso, o caso deverá ir à Suprema Corte do Irã. O veredicto a Hekmati foi tornado público em meio ao aumento das tensões entre os EUA e o Irã.
"Nós vimos na imprensa iraniana matérias dizendo que o senhor Hekmati foi sentenciado à morte por um tribunal iraniano. Se for verdade, condenamos fortemente tal veredicto e vamos trabalhar com nossos parceiros para transmitir nossa condenação ao governo iraniano", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Tommy Vietor. O Departamento de Estado norte-americano pediu a libertação de Hekmati.
Hekmati, de 28 anos, foi "sentenciado à morte por cooperar com uma nação hostil, ser membro da CIA e tentar implicar o Irã em terrorismo", segundo o veredicto, de acordo com a agência de notícias Fars do Irã.
O juiz do tribunal revolucionário de Teerã, Abdolghassem Salavati, o declarou "moharab [em guerra contra Deus] e corrupto na Terra".
Fluente
Nascido nos EUA de uma família iraniana, Hekmati teria sido mostrado pela televisão estatal iraniana em meados de dezembro, dizendo em farsi fluente e em inglês que era ligado à CIA e havia sido enviado ao país para se infiltrar no Ministério de Inteligência iraniano. Ele havia sido preso meses antes.
"As afirmações de que Hekmati trabalhou para a CIA, ou foi por ela enviado ao Irã, são falsas", disse Vietor. "O regime iraniano tem um histórico de acusar falsamente pessoas de serem espiões, ou de obter confissões forçadas e de manter americanos presos por razões políticas", disse Vietor.
O corpo de fuzileiros navais dos EUA informou que Amir Nema Hekmati serviu como soldado entre 2001 e 2005, incluindo uma temporada de missão no Iraque em 2004. As informações dos fuzileiros navais não incluem nenhuma missão no Afeganistão. Não está claro porque um dos so brenomes do jovem foi grafado de maneira diferente.
Hekmati trabalhou como tradutor para as Forças Armadas dos EUA. Antes de visitar o Irã e ser detido, no ano passado, ele vivia com a esposa no estado de Michigan.
Funcionários iranianos disseram que o disfarce dele foi descoberto por agentes do Irã que o flagraram na base militar aérea de Bagram, operada pelos Estados Unidos, no vizinho Afeganistão. A família de Hekmati, porém, disse que ele havia viajado ao Irã para visitar seus avós e que não era um espião.
Na única audiência do caso, em 27 de dezembro, promotores disseram confiar na "confissão" de Hekmati de que ele tentou penetrar na inteligência iraniana. Os EUA exigiram a libertação do suspeito.
O governo dos EUA também pediu ao Irã que permita que Hekmati seja visitado na prisão por diplomatas suíços. A Suíça representa os interesses americanos no Irã, uma vez que os dois países não têm relações diplomáticas. O Departamento de Estado afirmou que o Irã não permitiu que diplomatas da embaixada suíça vissem Hekmati antes ou durante o julgamento.