O presidente dos EUA, George W. Bush, decidiu "congelar" o acordo nuclear civil que estava sendo negociada com a Rússia, informou nesta segunda-feira (8) o Departamento de Estado dos EUA.
A decisão é uma penalidade imposta à Rússia por conta do comportamento do país no confronto com a Geórgia.
"O presidente notificou o Congresso que ele rescindiu sua determinação anterior sobre o acordo EUA-Rússia para cooperação nuclear pacífica, o assim chamado "acordo 1-2-3", segundo nota do Departamento de Estado. "Nós lamentamos a decisão."
Mais cedo nesta segunda, o presidente da França e da União Européia, Nicolas Sarkozy, disse em Moscou que obteve do presidente russo, Dimitri Medvedev, a garantia de que as tropas russas vão deixar a Geórgia "dentro de um mês". A retirada inclui a saída em uma semana do estratégico porto georgiano de Poti, no Mar Negro.
Medvedev, por sua vez, disse que aceita retirar as tropas russas da região separatista da Ossétia do Sul, quando elas forem substituídas por uma força de paz com 200 homens, chefiada pela União Européia. Ele também disse ter obtido de Sarkozy a garantia de que a Geórgia vai renunciar ao uso da força com os separatistas.
Em entrevista conjunta após a reunião, Medvedev também disse que o status das províncias separatistas georgianas serão discutidos em Genebra a partir de 15 de outubro. Mas ele disse que a decisão russa de reconhecer a independência das províncias é "irrevogável".
Antes da reunião, Sarkozy havia pedido à à Rússia um "comportamento responsável" no conflito com Tbilisi e na aplicação do plano de paz que prevê a retirada das tropas russas da Geórgia.
"Eu compartilho do ponto de vista de Medvedev: o acordo de seis pontos que negociamos é uma boa base de partida. É um acordo que deve ser adotado. Não duvido que, se cada um quiser ter um comportamento responsável, encontraremos soluções", disse.
Sarkozy está acompanhado do presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, e do chefe da diplomacia da UE, Javier Solana.
Sarkozy, Barroso e Solana chegaram a Tbilisi, capital georgiana, para reforçar seu apoio ao presidente Mikhail Saakachvili e informá-lo sobre os resultados da reunião com Medvedev.
Em 12 de agosto, Sarkozy havia negociado sozinho e com urgência em Moscou um plano de paz que lhe valeu críticas em razão de zonas obscuras sobre as quais a Rússia se apóia hoje para justificar a manutenção de seus soldados na Geórgia, além das regiões separatistas da Ossétia do Sul e da Abkházia.
Sarkozy deseja obter avanços sobre três pontos: o deslocamento rápido dos observadores da UE na Geórgia, um calendário preciso para a retirada das tropas russas e discussões internacionais sobre o futuro da Abkházia e da Ossétia do Sul.
A Rússia, no entanto, se opôs a esta missão antes mesmo que o presidente francês iniciasse suas discussões com seu colega russo.
A Rússia diz que mantém soldados na Geórgia apenas nas zonas chaves, conforme o ponto cinco do acordo de paz, que prevê medidas adicionais de segurança das forças russas até a adoção de um "mecanismo internacional".
Separatistas
A Rússia inicia na terça (9) consultas com as regiões separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul, cuja independência foi reconhecida por Moscou em 26 de agosto, para o estabelecimento de relações diplomáticas.
"Estudaremos o assunto do estabelecimento das relações diplomáticas e da elaboração da base legal destas relações", informou uma fonte da Chancelaria russa à agência "Interfax".
Os líderes separatistas da Abkházia, Serguei Bagapsh, e da Ossétia do Sul, Eduard Kokoiti, expressaram sua intenção de estabelecer laços diplomáticos com a Rússia o mais rápido possível.
Fontes oficiais da Ossétia do Sul informaram sobre a possível localização da futura missão diplomática russa em Tskhinvali.
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