Os Estados Unidos conquistaram o apoio de seus aliados da Otan na quinta-feira para o escudo antimísseis que pretendem criar, mas a Rússia ainda não está convencida da necessidade do sistema, disseram fontes oficiais.
"Os aliados estão unidos na questão, na ameaça e no caminho a seguir", disse o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jaap de Hoop Scheffer, numa entrevista coletiva realizada depois de uma reunião entre autoridades em Bruxelas.
Ele afirmou, no entanto, que, com a Rússia, "há uma divergência quanto à percepção da ameaça".
O presidente russo, Vladimir Putin, que segundo alguns analistas está usando o assunto para dividir o Ocidente, já disse que o plano norte-americano de montar dez mísseis de interceptação na Polônia e radares na República Tcheca até 2012 invade os interesses russos na área da segurança.
O projeto também já provocou tensão na Europa, e os EUA admitem que poderiam ter explicado melhor seus objetivos. Mas De Hoop Scheffer disse que os aliados não fizeram objeções ao plano durante as negociações, e entraram num acordo para que qualquer escudo futuro da Otan seja construído de forma a complementar o norte-americano.
A Otan pretende construir um escudo para mísseis de curto alcance, que poderia ser usado para suprir deficiências do sistema norte-americano, que cobre a Europa toda, com exceção de Turquia, Grécia, Romênia e Bulgária.
O enviado russo à Otan, Konstantin Totksy, disse que Moscou questiona o nível de ameaça a que a Europa está sujeita e a explicação para a instalação de partes do escudo no Leste Europeu. A Rússia também teme que os EUA instalem mais mísseis no futuro.
Mas, numa posição bem diferente da do vice-premiê russo, Sergei Ivanov, que havia ridicularizado o plano norte-americano e descartado qualquer cooperação russa com ele, o enviado disse que a Rússia está disposta a discutir o assunto.
"Vamos analisar as propostas e responder a nossos colegas dos EUA", disse ele a repórteres.