Os Estados Unidos obtiveram, pela primeira vez, uma cadeira no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Também conseguiram a vaga, nesta terça-feira (12), outras quatro nações acusadas de perpetrarem sérias violações aos direitos humanos: Cuba, Arábia Saudita, China e Rússia.
A administração do ex-presidente George W. Bush boicotou o conselho por suas seguidas críticas a Israel e sua recusa a mencionar flagrantes abusos ocorridos no Sudão e em outros países.
O governo do presidente Barack Obama anunciou em março que buscaria integrar o conselho, com o objetivo de ajudar a tornar a mais importante instância de direitos humanos da ONU mais efetiva, em linha com o desejo de Obama de criar uma "nova era de engajamento".
Na votação desta terça, os EUA receberam 167 dos quase 200 votos em jogo para integrar o conselho de 47 membros. Cada candidato precisava de 97 votos para conseguir a vaga, em uma eleição secreta.
"Nós recebemos 90% dos votos válidos", disse a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, após a votação. "E estamos gratos pela forte demonstração de encorajamento para que os Estados Unidos tenham novamente uma liderança significativa em organizações multilaterais, incluindo as Nações Unidas, em questões importantes relacionadas aos direitos humanos e à democracia", prosseguiu ela.
Rice foi perguntada se não seria impossível para o conselho se tornar efetivo, já que os Estados Unidos e outros membros são acusados de falhar no respeito aos direitos humanos.
"Nós certamente compartilhamos a visão de que o conselho não apresentou seu potencial, mas não estaríamos concorrendo se pensássemos que isso é impossível", disse ela. "Obviamente, sempre haverá alguns países cujo respeito e histórico quanto aos direitos humanos estão abaixo da média. Nós mesmos não temos sido perfeitos", admitiu.
O Conselho de Direitos Humanos foi criado em março de 2006 para substituir a desacreditada e altamente politizada Comissão de Direitos Humanos. Os Estados Unidos estiveram praticamente sozinhos em seu voto contra a criação do conselho.
Mas o órgão tem sido amplamente criticado por fracassar em alterar muitas das práticas da comissão, dentre elas a de colocar muito mais ênfase em Israel do que em qualquer outro país.
As cadeiras do Conselho de Direitos Humanos são distribuídas por região. Nesta terça foram escolhidos 18 novos membros. Houve disputa entre os países da África e do leste europeu, o que não aconteceu nas outras regiões, prática criticada por grupos de defesa dos direitos humanos.
"Briga de foice"
Na mais acirrada disputa do dia, entre os países do Leste Europeu, Rússia e Hungria derrotaram o Azerbaijão, cujos registros do setor foram alvo de uma coalizão de grupos de direitos humanos que criticou as medidas tomadas pelo governo contra oponentes políticos e a falta de liberdade de imprensa.
A Rússia também foi criticada por manipulação política, a virtual eliminação de partidos de oposição influentes e grandes limitações à imprensa.
Na África, Senegal, Ilhas Maurício, Nigéria, Camarões e Djibuti derrotaram o Quênia.
Os cinco candidatos asiáticos - Jordânia, Quirguistão, Bangladesh, China e Arábia Saudita - foram eleitos. O mesmo aconteceu com os três candidatos latino-americanos e caribenhos - México, Uruguai e Cuba.
Os três candidatos do grupo do Ocidente também foram eleitos: Noruega, Bélgica e Estados Unidos.
Grupos de direitos humanos criticam os registros de países como Cuba, Arábia Saudita e China, mas sem oposição, eles foram facilmente escolhidos. As informações são da Associated Press.
Como a PF costurou diferentes tramas para indiciar Bolsonaro
Cid confirma que Bolsonaro sabia do plano de golpe de Estado, diz advogado
Problemas para Alexandre de Moraes na operação contra Bolsonaro e militares; assista ao Sem Rodeios
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Deixe sua opinião