Fracasso
Regime comunista confirma fiasco no lançamento de foguete
Folhapress
Em uma rara admissão de fracasso, o governo da Coreia do Norte confirmou ontem que seu foguete Unha-3 lançado quinta-feira à noite para marcar o centenário do fundador do regime, Kim Il-sung (1912-1994) percorreu só 100 km e caiu no mar Amarelo minutos depois do lançamento.
O fechado regime comunista do país até hoje contabiliza como sucesso um lançamento de foguete em 2009 que, segundo outros países, falhou.
Para alguns analistas, a admissão do problema pode sinalizar mudanças no regime sob o comando de Kim Jong-un, de idade estimada em torno de 30 anos, que assumiu o poder após a morte do pai, Kim Jong-il, em dezembro.
Para outros, há o risco de que o fracasso leve o novo ditador da Coreia do Norte a demonstrar força promovendo um novo teste nuclear, o que a ONU proíbe o país de fazer.
Os Estados Unidos e a Coreia do Sul acreditam que o lançamento de ontem segundo os norte-coreanos, para pôr o satélite Estrela Cintilante em órbita era tentativa disfarçada de testar um míssil.
Os Estados Unidos vão cancelar um acordo pelo qual se comprometem em fevereiro a enviar ajuda alimentícia à Coreia do Norte. O anúncio da suspensão feito ontem pela Casa Branca e o Departamento de Estado, um dia depois do regime norte-coreano ter fracassado no lançamento de um foguete.
O presidente Barack Obama disse que os EUA trabalharão com a comunidade internacional para isolar ainda mais a Coreia do Norte.
"É importante saber que eles estavam tentando lançar mísseis como esse por mais de uma década, e eles parecem não serem bons nessa questão. Mas obviamente isso é uma área de profunda preocupação", disse Obama.
"Continuaremos a manter pressão sobre eles e eles continuarão a se isolar até que decidam tomar outro caminho", acrescentou.
O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Ben Rhodes, disse que os esforços da Coreia do Norte para lançar um míssil mostraram claramente que "não podemos confiar neles para a manutenção de compromissos". "É impossível ver como nós poderíamos prosseguir com o acordo fechado em fevereiro, dada a ação que eles tomaram", afirmou.
O Conselho de Segurança (CS) da ONU se reuniu ontem e considerou "deplorável" o disparo do foguete pela Coreia do Norte.
A embaixadora dos EUA no CS, Susan Rice, disse que os membros do CS concordaram "em continuar as consultas para uma resposta apropriada" a Pyongyang, mas não deu indicações de quando isso ocorrerá.
Ministros das Relações Exteriores do G-8, grupo das oito principais potências industriais do mundo, fizeram coro e condenaram Pyongyang após o lançamento fracassado do foguete. Os chanceleres disseram que iriam considerar tomar "medidas adequadas" no Conselho de Segurança da ONU.
A China pediu "calma" e "moderação" de todos os lados. "Esperamos que todas as partes relevantes possam manter a calma e a moderação, e se abster de atos que prejudiquem a paz e a estabilidade na península e na região", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Liu Weimin, em um comunicado.