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Washington - Os EUA entraram ontem abertamente em esforço frenético de contenção de danos após o vazamento de dados diplomáticos sigilosos na internet. A secretária de Estado, Hillary Clinton, se desculpou e classificou o episódio como um "ataque ao mundo".
O site WikiLeaks, dedicado a publicar informações confidenciais, divulgou no final de semana mais de 250 mil comunicações entre embaixadas americanas ao redor do mundo e Washington, expondo vários governos a situações que vão do ridículo e ao risco real. "Essa divulgação não é só um ataque aos interesses de política externa americanos. É um ataque contra a comunidade internacional", disse Hillary. "Sentimos muito pela divulgação do que deveria ser sigiloso."
A secretária afirmou que o governo está adotando "passos agressivos" para punir os responsáveis e que estão sendo tomadas medidas nos departamentos de Estado e da Defesa para evitar vazamentos futuros. Ela se disse confiante de que os relacionamentos dos EUA com parceiros internacionais sobreviverão à crise.
O secretário da Justiça, Eric Holder, reiterou que há uma investigação criminal em curso nos EUA sobre o WikiLeaks, mas não disse se e como os EUA tentarão prender seus representantes, que estão fora da jurisdição americana.
Sala de guerra
De toda forma, a previsão é que as revelações prejudicarão por tempo indeterminado algumas relações dos EUA com diplomatas estrangeiros, que perderam a expectativa de confidencialidade das conversas.
O Departamento de Estado montou uma força tarefa já apelidada de "sala de guerra" para lidar com a crise 24 horas por dia. Além de Hillary, vários diplomatas de alto escalão foram destacados para falar com governos estrangeiros e tentar manter os laços atuais.
"O esforço não vai funcionar", disse à Folha James Lindsay, vice-presidente sênior do think tank Council on Foreign Relations.
"Vai haver uma sombra sobre a diplomacia americana daqui para frente. Em boa parte do mundo, as conversas não serão mais francas."
Após vazamento de dados sigilosos, ONU diz ser "inviolável"
Após o vazamento de dados secretos dos EUA, que indicam que Washington ordenou que seus diplomatas espionassem a ONU, incluindo o secretário-geral Ban Ki-moon, a organização reagiu dizendo que é "inviolável" e "transparente", mas não criticou diretamente o governo americano. Entre os 251.288 documentos enviados por 274 embaixadas americanas estão ordens do governo americano para que seus agentes obtivessem dados confidencias das Nações Unidas.
De acordo com o jornal espanhol El País, os EUA queriam conhecer a rotina dos funcionários da ONU, seus cartões de crédito, e-mails e telefones. Em resposta, ainda na noite de ontem, a organização disse que confia que os Estados membros respeitem as imunidades garantidas à organização.
"A ONU não se encontra em posição de comentar sobre a autenticidade do documento que solicita informações sobre seus funcionários e suas atividades", disse um diplomata ligado à entidade.
Hoje, em comunicado divulgado pelo El País, a organização evitou criticar diretamente os EUA e buscando minimizar os vazamentos, afirmou que é transparente e já publica boa parte dos dados sobre suas operações.
Transparência
"A ONU é por natureza uma organização transparente que torna pública grande parte das informações sobre suas atividades e membros. Funcionários da ONU se reúnem regularmente com representantes dos Estados membros para informá-los de suas atividades", disse Farhan Haq, porta-voz da entidade.
Espionagem
Os documentos revelados pelo WikiLeaks durante o fim de semana indicam que o Departamento de Estado americano pediu no ano passado aos funcionários de 38 embaixadas e missões diplomáticas uma relação detalhada de dados pessoais e de outra natureza sobre as Nações Unidas.
A equipe diplomática e consular credenciada na ONU e nos países afetados pelas instruções foram encarregados de realizar a "espionagem branda".