Dias após a secretária de Estado Hillary Clinton sugerir que os direitos humanos teriam um papel secundário, em comparação com problemas como a crise financeira internacional, os Estados Unidos criticaram a China por numerosos abusos aos direitos humanos no ano passado.

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As conclusões estão em um relatório do Departamento de Estado relativo a 2008, elaborado em grande parte durante a administração do presidente George W. Bush, mas firmado por Hillary.

No documento sobre o estado dos direitos humanos no mundo, o departamento aponta as numerosas violações da China. Também nota a deterioração geral das condições em países como Ásia, Oriente Médio, África e Leste Europeu.

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O relatório vê algumas melhorias no Afeganistão e no Iraque, dois países nos quais as tropas norte-americanas lutam contra insurgência. Também afirma que o governo Obama aceita comentários sobre as práticas de direitos humanos nos EUA, em uma referência indireta às críticas internacionais sobre o tratamento dado pelo país aos prisioneiros capturados nesses conflitos. O Departamento de Estado acusa Pequim de "severa repressão cultural e religiosa" de minorias no Tibete e em outras áreas. Também vê o aumento na prisão e perseguição de dissidentes.

"O histórico da China em relação a direitos humanos permaneceu ruim e piorou em algumas áreas", aponta a chancelaria dos EUA. O texto sustenta que o governo chinês segue limitando o direito dos cidadãos à privacidade, liberdade de expressão, reunião, movimento e associação.

Também diz que as autoridades cometem "assassinatos extrajudiciais" e tortura, além de enviarem prisioneiros para trabalhos forçados. As autoridades do Partido Comunista ainda não comentaram o relatório. Já a agência estatal Nova China afirmou que o texto interfere em assuntos internos do país e ignora os avanços chineses em relação aos direitos humanos, que Pequim define em grande parte como melhorias na qualidade de vida.

O relatório é divulgado anualmente desde 1977. Para a Nova China ele é "uma desculpa para se interferir" com os assuntos internos de outras nações.

Hillary foi criticada por grupos de direitos humanos por dizer em visita à Ásia, na semana passada, que o assunto não deve interferir na cooperação bilateral em outros temas, como a crise internacional e o aquecimento global.

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Hillary defendeu que debater esse tema não era necessariamente algo produtivo, gerando críticas da Anistia Internacional, do Human Rights Watch e também de republicanos do Congresso. Apesar disso, o governo Obama afirma que os direitos humanos estão entre suas prioridades. O relatório lembra da promessa de Obama de fechar a prisão da Baía de Guantánamo, em Cuba, até o fim do ano. Obama também proibiu alguns métodos de interrogatórios, considerados torturas por alguns.