Pela primeira vez desde o início da pandemia, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos publicou dados sobre as taxas de casos e mortes por Covid-19 de acordo com o status de vacinação dos pacientes, o que permite uma melhor avaliação sobre a proteção contra infecções por coronavírus oferecida pelas vacinas. Os dados, publicados na sexta-feira, indicam que os não vacinados têm chances muito maiores de morrer de Covid-19 do que quem se vacinou.
Segundo o CDC, em agosto deste ano, as pessoas não vacinadas tiveram um risco mais de seis vezes maior de testar positivo para Covid-19, e um risco mais de 11 vezes maior de morrer da doença, em comparação aos vacinados.
Os dados são de 16 departamentos de saúde de estados americanos (os que incluem status de vacinação nos seus registros de Covid-19) e representam cerca de 30% da população do país, segundo o CDC.
O CDC detalhou também quais vacinas esses pacientes receberam. Até 29 de agosto, havia 665 casos por 100 mil pessoas não vacinadas. Entre os vacinados, houve 150 casos por 100 mil vacinados com o imunizante da Janssen, 125 entre imunizados com a da Pfizer e 86 entre os vacinados com a da Moderna.
"Como as vacinas não são 100% eficazes na prevenção da infecção, algumas pessoas que estão totalmente vacinadas ainda terão Covid-19", afirma o CDC. Essas infecções em vacinados são chamadas em inglês de casos "breakthrough", ou casos que rompem a proteção das vacinas.
Pelos dados do CDC, é possível observar, por exemplo, que o grupo de 50 a 64 anos de idade não vacinado tem maior risco de morrer de Covid-19 do que os idosos vacinados com mais de 80 anos.
As vacinas estão disponíveis gratuitamente para os americanos com 12 anos ou mais. No momento, cerca de 57% da população dos EUA está totalmente imunizada; 67% dos que já podem se vacinar já completaram o esquema de imunização. A população vacinada dos EUA fica atrás de outras nações como Brasil, Coreia do Sul, Canadá, Reino Unido, França e Alemanha.
Um novo relatório divulgado pelo CDC na terça-feira (19) mostra que os adultos não vacinados que foram infectados pelo coronavírus tiveram 12 vezes mais probabilidade de serem hospitalizados do que os vacinados.
Mortes evitáveis
Uma estimativa da Kaiser Family Foundation, divulgada na semana passada, indica que 90 mil mortes por Covid-19 ocorridas nos últimos quatro meses poderiam ter sido evitadas se as pessoas estivessem vacinadas.
Segundo a instituição, a Covid-19 foi a terceira causa de mortes nos EUA em 2020, mas se tornou a primeira entre dezembro de 2020 e os primeiros meses deste ano, ultrapassando até mesmo câncer e doenças cardíacas naqueles meses. Após a aceleração da campanha de vacinação, a Covid-19 caiu para a sétima posição entre as causas de mortes nos EUA em julho.
Porém, com a circulação da variante delta do vírus, que é mais contagiosa e passou a ser dominante no país, a redução das medidas de restrição e locais com baixa adesão à vacinação, as hospitalizações e mortes por Covid-19 voltaram a subir nos EUA, de acordo com a organização, que estima que mais de 50 milhões de americanos ainda não tinham sido vacinados até 7 de outubro.
Em setembro deste ano, a Covid-19 foi a segunda principal causa de mortes no país. Entre os adultos com 35 a 54 anos, a infecção foi a primeira causa de morte. Apenas neste mês, 49 mil mortes poderiam ter sido evitadas, estima o relatório.
O estudo concluiu que, desde junho de 2021, 90 mil mortes provavelmente poderiam ter sido evitadas pela vacinação. "A maior parte dessas mortes evitáveis ocorreram no mês passado, bem depois que as vacinas se tornaram disponíveis", dizem os autores.
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