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Luto

Enterro de cientista iraniano dá origem a protesto em Teerã

Milhares de pessoas gritaram "morte a Israel!" e "morte à América!" durante o funeral do cientista nuclear Mostafa Ahmadi Roshan, realizado ontem. Autoridades iranianas afirmam que os governos desses países foram responsáveis pela bomba que matou o cientista e que a ação é parte de uma operação secreta para interromper o programa nuclear do Irã.

O assassinato de Roshan deu início a pedidos no Irã para ações retaliatórias contra os Estados Unidos e Israel. Um site iraniano independente disse ontem que o Irã está preparando uma resposta contra o Ocidente.

Roshan, especialista em química e diretor da instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, na região central do Irã, foi morto à luz do dia quando dois homens numa motocicleta colocaram uma bomba com um ímã em seu carro na quarta-feira, em Teerã. O assassinato apresenta uma forte semelhança com mortes anteriores de cientistas que trabalhavam no programa nuclear iraniano.

A televisão estatal mostrou milhares de pessoas carregando o caixão de Roshan pelo centro de Teerã antes de ser levado para um cemitério, ao norte, para ser enterrado. Durante o funeral, as pessoas gritavam "morte aos terroristas!".

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que tem a palavra final sobre questões de Estado, disse que a morte de Roshan foi um "assassinato covarde" e acusou os Estados Unidos e Israel de estarem por trás do ataque. Na quinta-feira, ele prometeu que os homens que realizaram a ação e os que a ordenaram serão punidos.

A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton negou a participação dos Estados Unidos no caso e o governo condenou o ataque.

Em entrevista transmitida nesta sexta-feira pela CNN, o presidente de Israel, Shimon Peres, disse que não está ciente do envolvimento israelense no ataque que matou o cientista iraniano.

Agência Estado

O governo de Barack Obama está usando um canal secreto de co­­municação para alertar o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, que fechar o Estreito de Ormuz seria cruzar uma "linha vermelha" e provocaria uma resposta direta americana, de acordo com uma reportagem do jornal The New York Times, publicada ontem.

Citando fontes do governo ame­­ricano, o veículo diz que ainda não se sabe se houve uma resposta por parte do líder iraniano.

No último domingo, o secretário de Defesa dos EUA, Leon Pa­­netta, afirmou que as au­­toridades americanas não deixariam o Irã desenvolver armas nu­­cleares ou bloquear o Estreito de Ormuz, área chave para o transporte do petróleo do Oriente Mé­­dio.

"Para nós, a linha vermelha para o Irã é o desenvolvimento de uma arma nuclear, bem como bloquear o Estreito de Ormuz", defendeu, durante entrevista à emissora de tevê americana CBS. "Eles precisam saber disso: se de­­rem esses passos, serão impedidos."

Na quinta-feira, Panetta reforçou o alerta em discurso a tropas no Texas, afirmando que os Es­­tados Unidos não tolerariam o fechamento do Estreito de Ormuz.

Tamanho

O canal secreto de comunicação, afirma o Times, foi escolhido para mostrar ao Irã o tamanho da preocupação americana sobre o au­­mento das tensões no estreito, onde membros da Marinha dos EUA dizem temer que a Guarda Revolucionária iraniana faça algo provocativo por conta própria, dando início a uma crise maior.

"Se você me perguntar o que me mantém acordado à noite, é o Estreito de Ormuz, e as negociações em curso no Golfo Pérsico", afirmou o almirante Jonathan W. Gre­­enert, chefe de operações na­­vais.

Autoridades americanas e analistas do Irã disseram acreditar que as ameaças iranianas de fe­­char o estreito não são sérias e representam uma tentativa de elevar o preço do petróleo. Blo­­quear o estreito barraria também o caminho para boa parte das im­­portações e exportações do Irã, o que equivaleria a um suicídio econômico.

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