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Os Estados Unidos enfatizaram na sexta-feira (17) que "não há dúvidas" de que a Rússia está cometendo crimes de guerra na Ucrânia e defendeu que os responsáveis "prestem contas" após o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitir um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin.
"O procurador do TPI é um ator independente e toma as suas próprias decisões com base nas provas que lhe são apresentadas. Apoiamos a responsabilização dos autores de crimes de guerra", disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, em comunicado.
Os EUA não ratificaram o Estatuto de Roma que criou o TPI e tradicionalmente se opuseram a várias das investigações da entidade.
"Não há dúvidas de que a Rússia está cometendo crimes de guerra e atrocidades na Ucrânia, e deixamos claro que os responsáveis por isso devem ser responsabilizados", acrescentou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.
O procurador do TPI, Karim Khan, identificou no seu pedido de prisão de Putin a deportação para a Rússia de "ao menos centenas de crianças retiradas de orfanatos e lares de acolhimento infantil" ucranianos.
A câmara de pré-julgamento do TPI também emitiu um segundo mandado de detenção sobre a mesma acusação contra a política russa Maria Lvova-Belova, comissária presidencial russa para os Direitos da Criança.
Esses mandados de captura são os primeiros do gênero a serem emitidos pelo TPI no contexto da sua investigação sobre crimes de guerra na Ucrânia.
O governo russo considerou o mandado de captura "ultrajante", "inadmissível" e "legalmente inválido", uma vez que a Rússia não faz parte no Estatuto de Roma do TPI.
Os EUA continuarão "trabalhando com a Ucrânia para documentar e preservar provas" de crimes de guerra, acrescentou em entrevista à "CNN" outro porta-voz da Casa Branca, John Kirby.
Kirby se recusou a dizer se Washington prenderá e entregará o líder russo caso ele vá para os Estados Unidos ou se mediará para pressionar outros países a fazê-lo, dizendo que era uma decisão soberana de cada um.
"Não vou especular. Obviamente, queremos responsabilizar quaisquer perpetradores. Não vou entrar em situações hipotéticas", declarou.
Kirby destacou que a Rússia está mais fraca agora do que estava no início da invasão ucraniana, em 24 de fevereiro do ano passado, "pelo menos militarmente".
"Perdeu milhares e milhares de tropas e continua perdendo todos os dias. Não alcançou nenhum dos seus objetivos estratégicos", comentou.
Washington também deixou claro que a sua opinião de que a Rússia está cometendo crimes de guerra na Ucrânia é independente da visão do TPI.
"As determinações dos Estados Unidos em relação a crimes de guerra e atrocidades na Ucrânia são independentes das decisões do TPI sobre as questões que o precedem. As provas do procurador serão, em última análise, pesadas pelo Tribunal", analisou um porta-voz do Departamento de Estado.
O procurador do TPI explicou à "CNN" que a mensagem enviada pela entidade é que "ninguém está acima da lei" e que "os princípios básicos da humanidade são vinculativos para todos". "Ninguém deve sentir que pode cometer genocídio ou crimes de guerra e crimes contra a humanidade com impunidade", concluiu Khan.