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Soldados do governo do Mali próximos a veículo blindado do exército francês, que participa de operações contra rebeldes islâmicos radicais. Luta pode demandar mais reforços | Adama Diarra/Reuters
Soldados do governo do Mali próximos a veículo blindado do exército francês, que participa de operações contra rebeldes islâmicos radicais. Luta pode demandar mais reforços| Foto: Adama Diarra/Reuters

No discurso inaugural de seu segundo mandato, na segunda-feira passada, o presidente Barack Obama afirmou que "segurança estável e paz duradoura não requerem guerra perpétua". Tendo no horizonte a retirada do Afeganistão, a fala do presidente indicou cautela em relação ao envolvimento direto dos Estados Unidos em conflitos armados. O país continua na retaguarda da intervenção francesa no Mali, que tem grande parte de seu território controlado por radicais islâmicos, sem mostrar apetite pelo desembarque de tropas americanas.

Reforço

Em sabatina no Senado na quinta-feira, o senador John Kerry, prestes a assumir o Departamento de Estado, elogiou o apoio técnico à França no Mali — basicamente transporte aéreo de soldados e auxílio na área de inteligência. Ao atender o pedido de ajuda militar do governo do Mali, a França acreditava que seria uma empreitada rápida —"uma questão de semanas", nas palavras do chanceler Laurent Fabius. A capacidade militar dos rebeldes, no entanto, surpreendeu os franceses e fez com que a preocupação aumentasse, principalmente em vista da fraqueza do exército do Mali, que pode demandar mais reforços.

Na quarta-feira, em seu depoimento sobre o ataque terrorista em Benghazi (Líbia) no qual morreram quatro funcionários americanos, a secretária de Estado, Hillary Clinton, se referiu ao Mali como uma "luta necessária". Hillary afirmou que a topografia do norte do Mali, controlado pelos radicais islâmicas, "é não só de deserto, mas de cavernas, o que traz reminiscências [do Afeganistão]": "Não podemos permitir que o Mali se transforme em um refúgio seguro [para terroristas]".

A avaliação sobre o tamanho do risco apresentado pelos grupos jihadistas da região divide opiniões de analistas e da comunidade de inteligência americana. Os alvos estrangeiros declarados da al-Qaeda no Magreb Islâmico são a França e a Espanha, mas até agora o grupo não comprovou a capacidade de organizar um ataque na Europa ou nos EUA. Analistas como John Campbell, ex-embaixador na Nigéria especialista em África do Council on Foreign Relations, resistem à comparação com a ameaça representada na década passada pelo Afeganistão.

"No Mali, os radicais islâmicos estão divididos em pelo menos três grupos rivais, e não há uma liderança unificada. É um erro comparar com a Al-Qaeda de Osama bin Laden, que tinha um único líder carismático, e era muito disciplinada e unida", disse Campbell.

Para a Casa Branca, ataques como o registrado na Argélia são sinais de alerta, mas ainda sem um impacto capaz de mudar a política externa de Obama.

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