O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira (13) que denunciou 12 agentes de inteligência russos, sob a acusação de promoverem um ataque hacker aos computadores do partido Democrata e da campanha de Hillary Clinton durante as eleições presidenciais de 2016.
É o mais novo desdobramento da investigação do FBI sobre a interferência da Rússia na disputa que elegeu Donald Trump e que promete criar uma saia justa a mais no encontro entre o americano e o presidente russo Vladimir Putin, na segunda-feira, em Helsinque, capital da Finlândia.
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Segundo a denúncia, os 12 russos trabalhavam para o GRU, o departamento de inteligência militar do governo de Vladimir Putin. O objetivo era interferir nas eleições americanas. A Rússia nega ter agido nesse sentido.
O promotor Robert Mueller e sua equipe vêm trabalhando desde maio de 2017 para determinar se algum aliado de Trump conspirou com a Rússia para interferir nas eleições. Com a nova acusação, o escritório da promotoria já apresentou denúncias contra 32 pessoas, por crimes como lavagem de dinheiro e mentir para o FBI. Vinte e seis dos acusados são russos e, provavelmente, nunca serão levados a julgamento.
Tentativa de invasão
Os russos chegaram, sem sucesso, a tentar invadir os sistemas dos órgãos eleitorais que comandam a votação nos estados americanos. Em um deles, os russos conseguiram roubar nomes, endereços, data de nascimento e número de documento de 500 mil eleitores.
Os sites dos órgãos eleitorais da Flórida, Geórgia e Iowa, assim como companhias que fornecem softwares para a eleição, também foram alvo dos ataques.
Os hackers também criaram falsas pessoas online, na tentativa de despistar as origens russas da operação. Eles também teriam interagido com americanos. Segundo o Departamento de Justiça, estas pessoas não foram acusadas de cometerem crimes.
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O Departamento de Justiça, porém, destaca que não há notícia de que os crimes tenham alterado o resultado das eleições, tampouco de que algum cidadão americano tenha se envolvido ou soubesse da conspiração russa.
"A internet permite a adversários estrangeiros atacarem a América de novas e inesperadas formas", afirmou o vice-procurador-geral dos EUA, Rod Rosenstein, que declarou que o governo vai proteger o processo de eleições livres e justas no país.
Reação
Trump, que está em viagem à Europa e é apontado como o principal beneficiário da atuação russa nas eleições de 2016, ainda não havia se manifestado sobre o assunto até a publicação desta reportagem. Ele é um crítico da investigação do FBI, que chama de uma "caça às bruxas".
Uma das poucas pessoas próximas ao presidente a se manifestar foi Rudy Giuliani, advogado dele. Em sua conta no Twitter, ele disse: “não há americanos envolvidos. É hora de Mueller acabar com essa perseguição ao presidente e afirmar que Trump é completamente inocente.”
The indictments Rod Rosenstein announced are good news for all Americans. The Russians are nailed. No Americans are involved. Time for Mueller to end this pursuit of the President and say President Trump is completely innocent.
— Mayor Rudy Giuliani (@RudyGiuliani) 13 de julho de 2018
Como os russos agiram
A infiltração nos computadores e nas contas democratas teria começado por meio de uma tática conhecida como spear phishing, com o envio de emails que, uma vez abertos, liberam malwares e roubam informações como senhas e documentos, além de permitirem o monitoramento remoto do sistema.
A estratégia teria atingido voluntários e membros da campanha de Hillary Clinton, incluindo seu coordenador, assim como computadores do diretório nacional dos democratas.
De acordo com o Departamento de Justiça, o material colhido nesses computadores foi divulgado em um site chamado DCleaks.com, que se dizia mantido por "hacktivistas americanos".
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Após as suspeitas de que o material estivesse sendo distribuído por agentes russos, o grupo ainda criou um perfil falso, de um suposto hacker romeno, que assumia a responsabilidade pelo site.
A denúncia acusa os russos de 11 crimes, entre eles, crime contra os Estados Unidos por meio de operações cibernéticas, roubo de identidade e lavagem de dinheiro.
Em nota, o partido Democrata informou que esse foi "um ataque contra eleitores americanos". "Isso não é uma caça às bruxas", declarou Tom Perez, presidente do Comitê Nacional Democrata. "Os esforços do Kremlin para perturbar nosso processo eleitoral têm graves implicações em nossa democracia."