O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ, na sigla em inglês) divulgou nesta quarta-feira (29) que procuradores do Distrito Sul de Nova York apresentaram uma denúncia contra um cidadão indiano que teria participado de um plano para matar um separatista sique no país.
Os preparativos para o assassinato, que acabou não ocorrendo, também teriam envolvido um funcionário do governo indiano.
Segundo comunicado do DOJ, o denunciado é Nikhil Gupta, de 52 anos, preso na República Tcheca em 30 de junho, nos termos do tratado bilateral de extradição entre os Estados Unidos e o país europeu.
Um funcionário do governo indiano teria montado um esquema com várias pessoas, incluindo Gupta, na Índia e em outros países para matar um cidadão americano de origem indiana que mora em Nova York e que lidera uma organização sediada nos Estados Unidos que defende a separação do estado indiano do Punjab e a criação de um país independente, o Calistão.
Nem ele nem o funcionário do governo da Índia tiveram seus nomes divulgados pelo DOJ. Gupta, que mora na Índia, já teve envolvimento com tráfico de drogas e armas. Já o funcionário indiano trabalharia numa agência governamental do país e coordenou o plano de assassinato a partir da Índia.
Segundo o comunicado do DOJ, em maio deste ano, o servidor recrutou Gupta, que para colocar o plano em prática entrou em contato com um suposto criminoso que na verdade era uma fonte das autoridades policiais dos Estados Unidos. Tal fonte apresentou Gupta a um homem apontado como um assassino de aluguel, que na verdade era um policial disfarçado.
O funcionário do governo indiano, em negociações intermediadas por Gupta, aceitou pagar US$ 100 mil pelo assassinato, aponta a denúncia. Em junho, um adiantamento de US$ 15 mil em espécie chegou a ser pago.
Recentemente, um alto funcionário do governo Biden havia informado que as autoridades americanas desbarataram um esquema para matar o separatista sique Gurpatwant Singh Pannun, que tem dupla cidadania dos Estados Unidos e do Canadá, mas o DOJ não confirmou que ele era o alvo do plano revelado nesta quarta-feira. A Índia ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Em setembro, o Canadá anunciou que possui indícios de que o governo indiano está envolvido na morte de um separatista sique, Hardeep Singh Nijjar, morto a tiros do lado de fora de um templo em Surrey, na província da Colúmbia Britânica, em 18 de junho. Em razão disso, um diplomata indiano foi expulso do Canadá.
Em resposta, o governo da Índia anunciou a expulsão de um diplomata do Canadá do país, suspendeu novos vistos para canadenses e pediu a Ottawa que reduzisse sua presença diplomática na Índia. Em outubro, anunciou a retirada da imunidade de 41 diplomatas do Canadá no país, obrigando-os a deixar seu território.
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