A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, anunciou na terça-feira uma contribuição de cerca de 50 milhões de dólares para a distribuição de fogareiros não poluentes nos países em desenvolvimento, a fim de reduzir as mortes por inalação de fumaça e a emissão global de gases do efeito estufa.
A verba, a ser distribuída durante cinco anos, é parte da Aliança Global para os Fogareiros Limpos. Especialistas estimam que 1,9 milhão de pessoas, a maioria mulheres e crianças, morrem anualmente devido à inalação de fumaça desses fogareiros, um problema cujo impacto é comparável ao da malária e da falta de água potável nos países mais pobres.
Os fogareiros, muitas vezes improvisados com pedras dentro de moradias diminutas, causam vários problemas de saúde, inclusive câncer de pulmão, e emitem dois gases ligados à mudança climática global --dióxido de carbono e metano, além da fuligem do carvão.
"As pessoas cozinharam sobre fogueiras e fogareiros durante toda a história humana, mas o fato é que eles estão lentamente matando milhões de pessoas e poluindo o meio ambiente", disse Hillary numa conferência da Iniciativa Global Clinton, entidade fundada por seu marido, o ex-presidente Bill Clinton.
"Sei que talvez isso soe difícil de acreditar, mas, ao modernizar esses fogareiros, milhões de vidas podem ser salvas ou melhoradas. Isso poderia ser tão transformador quanto mosquiteiros em camas ou mesmo vacinas", acrescentou.
Fogareiros mais eficientes podem ser adquiridos por valores de 10 a 100 dólares, informou uma fonte oficial do governo dos Estados Unidos antes do anúncio da verba.
O problema dos fogareiros é mais disseminado no sul da Ásia (especialmente na Índia) e na África Subsaariana.
Além dos EUA, participam da iniciativa também Alemanha, Peru, Noruega, Fundação das Nações Unidas, Organização Mundial da Saúde e patrocinadores privados, como Morgan Stanley e Shell, entre outros.
Além dos 50 milhões oferecidos pelos EUA, o grupo angariou outros 10 milhões de dólares e espera obter pelo menos 250 milhões nos próximos dez anos, segundo Hillary.
"Isso é algo que toca no clima, na saúde, no empoderamento das mulheres, no desmatamento e na pobreza", afirmou Reid Detchon, vice-presidente de energia e clima da Fundação das Nações Unidas.
Ele disse que o grupo pretende criar um mercado para fogareiros e combustíveis menos poluentes, para atender 500 milhões de residências no mundo todo. A aliança pretende que até 2020 100 milhões de lares tenham adotado os fogareiros "limpos."
"Você não vai resolver o problema só com ajuda", acrescentou Detchon. "Você terá de criar um setor vibrante de fogareiros que possam fornecer os fogões e combustíveis que as pessoas querem e precisam."
Hillary chamou a atenção para a necessidade de desenvolver produtos "mais duráveis, eficientes e acessíveis, e ampliar a produção para chegar a um mercado de massa".