Washington - EUA, França e Reino Unido, líderes da coalizão que promove intervenção na Líbia, chegaram ontem a um acordo sobre a participação da Otan (aliança militar ocidental) nas operações na Líbia, mas não especificaram se em posição de comando ou não.
A questão opunha os EUA, que receiam ser tragados para um novo conflito de longa duração e querem transferir o comando das operações, e países como a França, que defendem a participação de países de fora da aliança.
"O que estamos dizendo agora é que a Otan terá um papel-chave a desempenhar na operação, afirmou o assessor de Segurança Nacional dos EUA, Ben Rhodes.
Desde o sábado, quando começaram os ataques a alvos de Muamar Kadafi, o comando da operação na Líbia, sob mandato da ONU, fica a cargo de Washington. Obama disse esperar que o comando da ação seja transferida "em breve pelos EUA.
Persistem, no entanto, dúvidas quanto ao papel a ser exercido pela aliança militar. Paris defende que a estrutura da Otan seja usada, mas que o comando político fique com outro órgão para não excluir países árabes pró-ação.
A Turquia, país membro da aliança, se opõe à participação da Otan em intervenção que ultrapasse o mandato da ONU que prevê proteção a civis e exclusão aérea, mas não a queda de Kadafi.
Integrantes da coalizão internacional têm manifestado divergências sobre se os ataques deverão visar à deposição do ditador líbio ou não.
Ontem, no entanto, o país "sanou as suas dúvidas, segundo funcionário dos EUA.
A operação segue atraindo críticas, contudo, de outros países. Um dia após o Brasil pedir um cessar-fogo, ontem foi a vez de a China que também se absteve no Conselho de Segurança defender o fim dos ataques.
O presidente russo, Dmitry Medvedev, se encontrou ontem com o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, e manifestou preocupação sobre a possibilidade de uso "indiscriminado" da força pelas potências estrangeiras na Líbia.
"Medvedev alertou sobre a possibilidade de mortes entre a população civil, em conexão com o uso indiscriminado da força pela aviação", afirmou o Kremlin.
O presidente russo também confirmou que Moscou não pretende participar da campanha.
A Índia, que também se absteve de votar a autorização de ação militar no Conselho de Segurança da ONU, se juntou a Brasil, China e Rússia na condenação dos ataques aéreos conduzidos pela coalizão. "O que acontece em um país, com seus assuntos internos, nenhuma potência estrangeira deveria interferir", disse Pranab Mukherjee, ministro da Fazenda indiano e líder da câmara baixa do Parlamento.
A Índia, terceira maior economia da Ásia e que segue uma política externa de não alinhamento, assumiu como membro não permanente no Conselho de Segurança em janeiro.