A visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, gera tensão na Ásia nesta terça-feira (2), com americanos e a China anunciando manobras militares na região. A Rússia, por sua vez, manifestou apoio à ditadura comunista.
O Ministério da Defesa da China anunciou uma série de “manobras militares direcionadas” para “responder” à visita a Taiwan da parlamentar democrata, informou o jornal oficial Global Times.
A pasta explicou nesta terça-feira que estas operações visam “defender decididamente a soberania nacional e a integridade territorial” da China.
O Teatro Oriental de Operações do Exército de Libertação do Povo Chinês (Exército Chinês), citado pelo mesmo jornal, anunciou a organização de manobras militares, tanto marítimas como aéreas, no norte, sudoeste e sudeste de Taiwan, que teriam início ainda nesta terça-feira.
Do mesmo modo, a agência de notícias oficial Xinhua anunciou exercícios militares “importantes” das forças chinesas, que neste caso durarão de quinta-feira a domingo em cinco áreas ao redor da ilha de Taiwan.
As manobras, segundo a Xinhua, envolverão práticas com munição real e incluirão o fechamento do espaço marítimo e aéreo nestas áreas.
Reação americana
Por sua vez, autoridades americanas informaram que aumentarão as manobras militares na região do Indo-Pacífico durante a visita de Pelosi.
O porta-aviões USS Ronald Reagan e seu grupo de ataque estiveram no Mar das Filipinas na segunda-feira, segundo autoridades que falaram sob condição de anonimato à Reuters, durante discussões sobre operações militares. Ainda segundo a agência, depois o Reagan, o cruzador USS Antietam e o destróier USS Higgins deixaram Cingapura após uma passagem pelo porto local e se deslocaram para o norte, para seu porto de origem no Japão.
Em comunicado emitido poucos minutos após a chegada de Pelosi a Taiwan, o Ministério das Relações Exteriores da China emitiu uma “forte condenação” e acusou os EUA de “minarem a soberania e integridade territorial da China” e de “desestabilizarem o Estreito de Taiwan”.
O Ministério das Relações Exteriores chinês interpretou a visita de Pelosi como uma quebra do compromisso dos EUA de limitar os seus contatos com Taiwan às “relações não oficiais” e reiterou que a China “sempre se opôs a que os congressistas americanos visitassem Taiwan”, ações que, segundo Pequim, “o governo americano tem a responsabilidade de impedir”.
Como o ditador chinês, Xi Jinping, havia avisado o mandatário americano, Joe Biden, na conversa da semana passada, o Ministério das Relações Exteriores advertiu: “Aqueles que brincam com o fogo acabarão se queimando. A visita de Pelosi, de qualquer forma, é uma grande provocação política”, concluiu a declaração.
Pelosi chegou a Taipei nesta terça-feira, depois de um voo de sete horas de Kuala Lumpur, na Malásia, durante o qual evitou atravessar as águas do Mar da China Meridional.
Nem Pelosi nem o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan confirmaram antes se a viagem de Pelosi à Ásia incluiria uma visita a Taiwan, uma possibilidade antecipada pela imprensa americana e taiwanesa.
Ao chegar, Pelosi declarou no Twitter que a sua visita “honra o compromisso inabalável dos EUA em apoiar a vibrante democracia de Taiwan”.
Apoio republicano e hostilidade russa
A China reivindica a soberania sobre a ilha e tem considerado Taiwan uma província rebelde desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para lá em 1949, após perderem a guerra civil contra os comunistas.
Taiwan, com o qual os Estados Unidos não têm relações oficiais, é uma das principais fontes de conflito entre China e EUA, principalmente porque Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan e seria o seu maior aliado militar no caso de uma guerra com o gigante asiático. Nos últimos meses, a ilha tem sido visitada por congressistas americanos.
Nesta terça-feira, 26 parlamentares do Partido Republicano assinaram uma declaração de apoio a Pelosi, alegando que as visitas de congressistas americanos a Taiwan são “rotineiras”.
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, criticou a visita de Pelosi a Taiwan. “Os Estados Unidos são um Estado provocador”, disse ela. “A Rússia reitera o princípio de ‘uma China só’ e se opõe à independência da ilha em qualquer formato.”