O presidente dos EUA, Donald Trump, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, concordaram que a cúpula de Cingapura foi um sucesso absoluto, mas ofereceram versões diferentes sobre o que eles conquistaram e o que vem a seguir.
No início da manhã de quarta-feira, ao chegar aos Estados Unidos, Trump, em uma série de tuítes, declarou que o "maior e mais perigoso problema" da América estava praticamente resolvido. O "acordo" que ele fez com Kim significava, segundo ele, que "não havia mais uma ameaça nuclear da Coreia do Norte" e que "todos podem se sentir muito mais seguros".
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O secretário de Estado, Mike Pompeo, disse que o governo espera "um grande desarmamento" pela Coreia do Norte antes do final do primeiro mandato de Trump.
Por outro lado, Kim, ou pelo menos a agência de notícias estatal de seu país, disse que os dois líderes decidiram acabar com "relações hostis extremas" e descreveu o início de um processo "passo a passo e simultâneo" que acabaria levando à paz e " desnuclearização da península coreana".
Ambos os lados disseram que Trump concordou em suspender os exercícios militares com a Coreia do Sul. Além disso, de acordo com Pyongyang, o presidente ofereceu "garantias de segurança... e suspender as sanções" à medida que o diálogo prosseguisse, ao qual a Coreia do Norte responderia com "medidas adicionais de boa vontade".
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Ao contrário de Kim, cujo governo não tolera desacordos ou questionamentos domésticos, Trump enfrentou ceticismo de que um dia de negociações havia conquistado tanto. A descrição do presidente norte-americano sobre o encontro e tudo que foi resolvido lá parecia difícil de acreditar em face das décadas de hostilidade, promessas não cumpridas e a crença generalizada, compartilhada pelas agências de inteligência norte-americanas, de que a Coreia do Norte nunca abandonaria as armas nucleares pelas quais buscou por tanto tempo.
O encontro claramente foi um recuo no caminho que os dois países estavam tomando em direção à guerra, que o próprio Trump ameaçou. Mas a inquietação em Washington resultou em grande parte de seu elogio generoso a Kim como "um homem muito talentoso" e como uma "grande personalidade"; da ótica coreografada da cúpula; e da notável falta de detalhes na breve declaração que os dois líderes assinaram.
Alívio das sanções só depois da ‘completa desnuclearização’
Pompeo, que visitou Seul como parte de uma série de viagens para informar os governos região sobre a cúpula, disse nesta quinta-feira (14) que questões dos repórteres sobre verificação da desnuclearização norte-coreana e sua irreversibilidade - nenhuma das quais mencionadas no documento - eram "insultantes e francamente ridículas".
Referindo-se às suas extensas comunicações pré-cúpula com a Coreia do Norte e ao próprio encontro, Pompeo disse que não falaria sobre "discussões entre as duas partes". Mas ele estava confiante, disse ele, que os norte-coreanos "entendem o que estamos preparados para fazer e as coisas que provavelmente não faremos".
"Nem todo esse trabalho apareceu no documento final", disse Pompeo. "Mas muitos outros pontos em que entendimentos haviam sido alcançados, não poderíamos reduzi-los à escrita". Ele declarou também que esses entendimentos forneceriam um ponto de partida quando negociações detalhadas começassem.
Essas conversas, as quais ele liderará, começariam "em algum momento na próxima semana", disse Pompeo, e que seriam concluídas, "definitivamente", nos próximos dois anos. Ele disse que já havia reunido uma forte equipe de negociação.
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Em uma entrevista coletiva posterior com seus colegas sul-coreanos e japoneses, Pompeo disse que as sanções só seriam retiradas após a "completa desnuclearização". O ministro das Relações Exteriores do Japão, Taro Kono, disse que "nós entendemos que qualquer pausa nos exercícios militares" também "depende da desnuclearização norte-coreana". Pompeo não abordou o assunto diretamente, e afirmou que a relação de segurança dos EUA com os aliados na região era "inquebrável". Segundo a CNN, nesta quinta-feira a administração Trump deve anunciar formalmente a suspensão dos exercícios militares com a Coreia do Sul, na Península Coreana, programados para agosto.