A chegada triunfal de Barack Obama na cerimônia de abertura da Cúpula das Américas foi seguida por uma promessa: “Garanto que buscamos uma parceria de igual para igual”, disse| Foto: Thomas Coex/AFP

Sorridentes, Barack Obama e Hugo Chávez apertam as mãos no encontro

O presidente dos EUA, Barack Obama, e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, um severo crítico das políticas americanas, apertaram ontem as mãos, na abertura da Cúpula das Américas, em Porto-de-Príncipe, um ato que o governo de Caracas classificou como "histórico". "Foi por segundos, se olharam e ocorreu o cumprimento, durante a abertura oficial (da Cúpula). Algo muito rápido. O presidente Chávez saudou Obama em espanhol e este respondeu em inglês", disseram fontes da Presidência venezuelana.

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Cristina é a líder menos popular do continente

Os presidentes dos 34 países das Américas do Sul, do Norte e Central – com exceção de Cuba – se reúnem em Trinidad e Tobago desde ontem para a reunião da Cúpula das Américas. Para medir a popularidade dos principais líderes do encontro, o instituto Barômetro Ibero-americano de Governabilidade realizou uma pesquisa em 18 países, publicada pelo jornal El Tiempo.

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Porto-de-Espanha - O animado xadrez político-diplomático que virou a distensão das relações entre EUA e Cuba, congeladas por quase meio século, ganhou lances decisivos nas últimas horas e dominou a abertura da 5ª Cúpula das Américas, ontem em Trinidad e Tobago. Em discurso na abertura da cerimônia, Barack Obama disse que os Estados Unidos buscavam "um novo começo’’ com Cuba.

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"Eu sei que há uma longa jornada que precisa ser percorrida para ultrapassar décadas de desconfiança, mas há passos críticos que nós podemos tomar em direção a um novo dia’’, afirmou. "Eu já mudei políticas em relação a Cuba que fracassaram em avançar a liberdade do povo cubano’’, continuou, referindo-se à recente decisão de liberar viagens, remessa de dinheiro e comunicações entre cubano-americanos e seus parentes na ilha caribenha.

As mudanças fazem parte de um contexto maior, disse Obama, da responsabilidade que os países presentes têm de garantir que os povos das Américas "tenham a habilidade de perseguir seus próprios sonhos em sociedades democráticas’’. "Deixe-me ser claro: não estou interessado em falar apenas por falar’’, afirmou Obama. "Mas eu acredito que nós podemos levar a relação entre EUA e Cuba para uma nova direção.’’

Antes, repetiu o que havia dito dois dias antes sobre a relação entre EUA e Brasil, dessa vez se referindo a todo o continente. "Não há parceiro sênior e parceiro júnior em nossas relações; há simplesmente engajamento baseado em respeito mútuo, interesses comuns e valores compartilhados’’, disse.

Em tom conciliatório, que contrastava com o discurso carregado de seu antecessor, o republicano George W. Bush, Obama pediu que os países olhassem adiante e deixassem de ser "prisioneiros de desacordos passados’’: "Muito frequentemente, a oportunidade para construir uma nova parceria nas Américas tem sido minada por debates falsos’’.

São falsos argumentos, disse o democrata. "Eles nos levaram a fazer a falsa escolha entre uma economia rígida e estatal e um capitalismo sem regras nem limites; entre culpar os paramilitares de direita e os insurgentes de esquerda; entre insistir em políticas inflexíveis em relação a Cuba e negar os direitos humanos completos que são devidos ao povo cubano’’.

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Com essas palavras, entregues depois dos discursos de Cristina Kirchner (Argentina), Daniel Ortega (Nicarágua) e Dean Barrow, premiê de Belize – os três pediram o fim do embargo dos EUA a Cuba –, Obama finalmente faz sua apresentação aos 33 líderes da região, que visita pela primeira vez. Também se adianta e toca no assunto pelo qual será avaliado, o embargo de 47 anos.

Numa espécie de equilíbrio de anacronismos, a ação isola os EUA entre os outros 34 países da região da mesma maneira que o fato de Cuba não ter eleições democráticas nem liberdade política diferencia o regime castrista dos outros governantes, todos eleitos democraticamente – um feito inédito na história das cúpulas.

A fala de Obama segue a cartilha da política externa pragmática que ele tenta implantar em relação a países como Irã e Rússia. Além disso, ao jogar o olhar para adiante, o democrata se distancia de uma decisão que já havia sido tomada quando nasceu – ele é de 1961; o congelamento das relações EUA– Cuba começou em 1960.

O momento é historicamente bom. Pela primeira vez, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, cogita acabar com a suspensão de Cuba da entidade, em vigor há 47 anos. Também o bloco econômico-político Caricom, que congrega os países do Caribe, se propôs a mediar negociações entre EUA e Cuba.

Antes, a secretária de Estado, Hillary Clinton, havia dito que eram "bem-vindos’’ os comentários de Raúl Castro, na noite de quinta-feira, de que Cuba estava disposta a "negociar tudo’’ com os EUA. Segundo disseram assessores obamistas à reportagem, nada está fora da mesa dos EUA, nem um alívio progressivo do embargo, nem a designação de um "enviado especial’’ para negociar com o regime dos Castro, nos moldes dos que atuam hoje no Oriente Médio.

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