Estados Unidos e Cuba concretizaram ontem o restabelecimento de suas relações diplomáticas com a abertura das embaixadas em Washington e Havana, sob protestos de cubanos exilados nos EUA. No dia histórico, em que os dois países retomaram relações após 54 anos, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, adiantou que seu país não tem a intenção de alterar o contrato de concessão em relação à base na Baía de Guantánamo, em Cuba
A devolução da área onde fica a base, no sul da ilha, foi uma das exigências do presidente cubano, Raul Castro, na semana passada, para o restabelecimento total das relações. Ele pediu ainda a suspensão dos embargos impostos à ilha.
Segundo Kerry, os EUA não têm a intenção, neste momento, de devolver a base. Ele fez a declaração ao lado do ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, em Washington. Kerry disse ainda que os dois países têm “muito a ganhar” ao incentivar viagens e o fluxo livre de informações, além da retomada do comércio e da flexibilização das visitas familiares.
Rodríguez presidiu a reinauguração da embaixada cubana em Washington, um marco no restabelecimento diplomático iniciado com o anúncio do presidente norte-americano, Barack Obama, e de Raúl Castro, em 17 de dezembro.
A embaixada cubana foi reaberta às 10h36 (11h36 de Brasília) no casarão da Rua 16, no centro de Washington, e a bandeira cubana foi hasteada pela primeira vez desde que as relações foram rompidas, em 1961.
Entre as cerca de 200 pessoas que testemunharam o momento histórico, a maioria era a favor da reaproximação, mas houve protestos. Um homem que se identificou como Danilo Maldonado se sujou de tinta vermelha para simbolizar “o sangue derramado pela ditadura castrista”. A segurança reforçada atrasou a entrada de diplomatas e convidados. Muitos assistiram ao discurso do chanceler Bruno Rodríguez pelo telão colocado na entrada da embaixada. Também houve protestos em Miami, na Flórida, que abriga milhares de cubanos exilados.