O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou a um acordo climático com os líderes dos principais países emergentes, rompendo um impasse nas negociações da ONU, mas disse que o mundo ainda tem "muito a percorrer" na luta contra o aquecimento global.

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Todos os lados admitiram que o acordo, que ficou muito aquém das ambições estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a conferência, é imperfeito, mas assinalaram que se trata do ponto de partida para um esforço internacional coordenado para evitar os efeitos catastróficos da mudança climática.

"Este progresso não foi fácil e sabemos que apenas este progresso não é suficiente ... Percorremos um longo caminho, mas ainda temos muito a percorrer", disse Obama depois de uma reunião com os primeiros-ministros da China, Wen Jiabao, e da Índia, Manmohan Singh, e com os presidentes da África do Sul, Jacob Zuma, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

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O acordo ainda precisa ter a aprovação formal dos 193 países participantes da conferência. "Se isso acontecer em algumas horas, então, considero um sucesso modesto", afirmou o secretário-executivo da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Clima, Yvo de Boer. "Poderíamos ter conquistado mais".

Ao longo do dia, os negociadores sofreram para buscar termos aceitáveis para todos os países no sentido de obter um novo tratado global para combater os efeitos mais perigosos da mudança climática, como secas, inundações, elevação do nível dos mares e extinção de espécies.

As tensões entre China e Estados Unidos, os dois maiores emissores globais de gases-estufa, foram notavelmente agudas desde que Obama --num recado dirigido aos chineses-- declarou que qualquer acordo para a redução das emissões se resumiria a "palavras vazias sobre uma página" se não fossem transparentes e tratadas com responsabilidade.

Sob o acordo desta sexta-feira, Obama disse que cada país deve definir "compromissos concretos", que passariam, então, a ser submetidos a um "processo internacional de consulta e análise".

De acordo com uma autoridade dos Estados Unidos, as nações ricas e pobres concordaram com um "mecanismo de financiamento" com reduções de emissões de modo a manter o aquecimento global médio em 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e em "fornecer informações sobre a implementação das suas ações".

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"Nós vamos ter que aproveitar o impulso que conquistamos em Copenhague para garantir que a ação internacional para reduzir significativamente as emissões seja sustentada e suficiente ao longo do tempo", disse Obama.

Texto imperfeito

Em declarações pouco depois, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, indicou que o acordo foi apoiado por todas as nações e que havia conseguido comprometer os grandes emissores de gases-estufa a reduzir seus níveis de poluição.

Sob o acordo, ele disse que todos os países, incluindo a China, teriam de apresentar em janeiro de 2010 seus planos por escrito para cortar suas emissões de dióxido de carbono. Ele também indicou que todos os países haviam assinado um plano para fornecer às nações em desenvolvimento 100 bilhões de dólares anuais em ajuda climática até 2020.

"O texto que temos não é perfeito (...) se não tivéssemos o acordo, isso significaria que países tão importantes como China e Índia estariam livres de qualquer tipo de contrato (...) Estados Unidos, que não fazem parte do Protocolo de Kyoto, estariam livres de qualquer classe de contrato", declarou a jornalistas.

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"Essa é a razão pela qual é absolutamente vital", comentou.

A União Europeia, que parecia ter ficado de lado nas negociações finais de Obama, disse que o acordo "está muito longe de nossas expectativas".

Um esboço do texto, ao qual a Reuters teve acesso, incluía 100 bilhões de dólares anuais em ajuda climática aos países pobres até 2020, e metas para limitar o aquecimento e reduzir à metade as emissões globais de gases-estufa até 2050.

A UE pressionava por um acordo forte para a limitação do aquecimento global a 2 graus Celsius, e que incluísse rígidas restrições das emissões de carbono por parte de outros países industrializados, especialmente os Estados Unidos.

Cientistas dizem que o aquecimento de 2 graus Celsius é o limite para que sejam evitados os piores efeitos do aquecimento global.

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"Considerando de onde começamos e das expectativas para esta conferência, qualquer coisa aquém de um resultado juridicamente vinculante fica abaixo da nota", disse John Ashe, que presidiu as negociações do Protocolo de Kyoto, o tratado climático atualmente em vigor.

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