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Foto do funeral do tenente Fadi Ismail, em Jableh, no noroeste de Damasco, foi divulgada ontem pela agência de notícias síria | Syrian Arab News Agency (Sana)/AFP
Foto do funeral do tenente Fadi Ismail, em Jableh, no noroeste de Damasco, foi divulgada ontem pela agência de notícias síria| Foto: Syrian Arab News Agency (Sana)/AFP

Washington - Os chefes de Defesa dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha minimizaram ontem a possibilidade de uma intervenção estrangeira na Síria, como a que já acontece na Líbia. O britânico Liam Fox disse que há "limitações práticas" para o poderio militar ocidental.

Forças leais ao presidente sírio, Bashar al Assad, são acusadas de terem matado centenas de manifestantes na repressão aos protestos por democracia no país. Apesar disso, Assad tem sido poupado da ameaça de bombardeios da Otan, como os que ocorrem nas últimas semanas com aval da ONU contra as forças do líder líbio Muamar Kadafi, que também reprime com violência a revolta contra o seu regime.

Fox e o secretário norte-americano de Defesa, Robert Gates, condenaram as mortes na Síria. Mas Fox deixou claro que as forças militares de ambos os países, já sobrecarregadas com as missões no Afeganistão e Líbia, não têm muito a fazer.

"Não podemos fazer tudo o tempo todo, e temos de reconhecer que existem limitações práticas para aquilo que os nossos países podem fazer", declarou Fox ao ser questionado, junto com Gates, sobre a falta de intervenção ocidental na Síria. Gates disse concordar "com tudo o que Fox afirmou".

Admitindo que há diferenças na reação do governo de Barack Obama às diversas rebeliões dos últimos meses no mundo árabe, Gates declarou que os Estados Unidos aplicam seus valores a todos os países da região, apoiando o direito das populações a protestarem pacificamente. Mas ele disse que as ações dos EUA não serão sempre as mesmas.

"A nossa resposta em cada país terá de ser adaptada a esse país e às circunstâncias peculiares desse país", afirmou Gates. As declarações ocorrem num momento em que os EUA e a Grã-Bretanha cogitam sanções contra a Síria, depois de Assad ter enviado tanques para esmagar a revolta na cidade de Deraa, berço da rebelião no país.

Armas

Um estudante que deixou a Síria há dois dias e foi para o Líbano disse ontem que está faltando armas para os protestos no país se converterem em um levante armado, como ocorreu na Líbia. Ele participou diariamente das manifestações contra o ditador Bashar Assad nas últimas semanas.

"As poucas armas que os manifestantes têm são leves demais para fazer frente ao poder de fogo do regime’’, afirmou o estudante, que pediu para não ser identificado por razões de segurança.

"Precisamos de ajuda externa, de preferência da ONU’’, acrescentou. O estudante está convicto de que os dias de Assad no poder estão contados, mas diz que o temor geral é que ele promova um banho de sangue antes de cair.

"Depois da violência do regime, não há mais volta’’, diz ele, que suspeita que os mortos pelo regime sírio no último mês seja até cinco vezes maior que os 400 noticiados.

Joshua Landis, o mais conhecido especialista em Síria dos EUA, concorda que a escalada de repressão eleva o risco de confronto armado.

O envio de tanques e militares e a prisão de líderes da oposição objetivam não dar chance para a insurreição crescer. "É uma estratégia militar clássica. Ser duro e rápido’’, escreveu Landis em seu blog, "Syria Comment’’.

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