Os presidentes Barack Obama e Hasan Rowhani conversaram por telefone na tarde desta sexta-feira (27/09), selando aquele que foi o mais alto contato oficial mantido entre os Estados Unidos e o Irã em 34 anos.
"Só o fato de essa ter sido a primeira comunicação entre um presidente americano e um iraniano desde 1979 já mostra a profunda desconfiança que há entre os nossos países, mas também indica a expectativa de seguir adiante", disse Obama.
O telefonema histórico marca o resultado de várias semanas de aproximação, que contaram com uma troca de cartas entre os dois líderes e com o encontro de seus respectivos chanceleres -- o primeiro em seis anos.Na terça-feira, Obama chegou a cogitar encontrar-se pessoalmente, de modo informal, com Rowhani em Nova York, onde os dois estavam por ocasião da 68ª Assembleia-Geral da ONU. Porém, os iranianos decidiram que isso seria "muito complicado".
Conforme Obama, na conversa, os dois trataram dos "presentes esforços para chegar a um acordo a respeito do programa nuclear iraniano".
"Eu acredito que existe base para uma resolução", disse Obama. "O teste estará em ações significativas, transparentes e verificáveis, que também aliviarão as abrangentes sanções internacionais hoje vigentes."
O Irã diz produzir energia nuclear com fins pacíficos, enquanto o Ocidente acusa o país de mascarar a busca por uma bomba. Tanto os EUA quanto Israel não descartam, inclusive agora, detonar uma ação militar para impedir que isso aconteça. Israel conta o Irã como um arqui-inimigo.
Obama citou o Estado judaico ao afirmar que, durante as negociações com Teerã, "manterá contato próximo com amigos e aliados na região".
Nação
Mais cedo, Rowhani havia concedido uma entrevista na qual disse que os EUA são, ao lado do Irã, "uma grande nação".
"Quero que essa viagem seja um primeiro passo, um começo para melhores e mais construtivas relações com os países do mundo bem como um primeiro passo para um melhor relacionamento entre os dois grandes países do Irã e dos Estados Unidos da América", afirmou.
Rowhani concedeu a entrevista a jornalistas em um hotel próximo à sede da ONU.
Na entrevista, Rowhani também afirmou que possui "completa autoridade" sobre as negociações relacionadas ao programa nuclear do país, que quer ver encerradas o quanto antes. Ele disse que, para tanto, conta com o mandato da população, que escolheu a moderação em vez do extremismo.
O iraniano afirmou também que o sucesso da visita superou suas expectativas, "especialmente com os países europeus".
Rowhani afirmou que, desta vez, tanto europeus quanto Obama "parecem soar diferente, em comparação com o passado". "E eu vejo isso como um passo positivo rumo à solução das diferenças entre o Irã e o Ocidente."
Conforme o iraniano, Obama "expressou esperança" de que o entendimento cresça "e de que possamos, como um primeiro passo, interromper a escalada de tensão, daí reduzi-las e, como um próximo passo, pavimentar o caminho para alcançar interesses mútuos".
Desde que Rowhani assumiu a Presidência, em agosto, o Irã parece mais determinado em aliviar o efeito sobre a economia das diversas sanções que lhe são impostas pela ONU, por força do Conselho de Segurança, e por EUA e UE (União Europeia), unilateralmente.
Entre as atividades impactadas estão desde transferências bancárias até --e principalmente-- a exportação de petróleo.