O representante iraniano, Amir Saeid Jalil Iravani, disse que “a bola está com os EUA” e que a possibilidade de um acordo depende exclusivamente de Washington mostrar “verdadeira vontade política”.| Foto: BigStock
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Os Estados Unidos e o Irã se acusaram mutuamente na segunda-feira (19) na ONU de bloquearem as negociações para salvar o acordo nuclear negociado em 2015, abandonado por Washington em 2018 durante o governo de Donald Trump e que Teerã também deixou de cumprir.

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As duas partes estavam dispostas a continuar negociando, mas questionaram a vontade da outra parte de realmente querer o pacto.

"Deixamos claro que a porta para a diplomacia permanece aberta. Infelizmente, as ações do Irã sugerem que esse objetivo não é sua prioridade", disse o vice-embaixador dos EUA nas Nações Unidas, Robert Wood, durante reunião do Conselho de Segurança sobre o assunto.

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O representante iraniano, Amir Saeid Jalil Iravani, disse que "a bola está com os EUA" e que a possibilidade de um acordo depende exclusivamente de Washington mostrar "verdadeira vontade política".

O Irã negocia há meses com Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China e, indiretamente, com os Estados Unidos, a restauração do acordo de 2015, que limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções.

Os EUA deixaram o acordo em 2018 por decisão de Trump e, embora o governo do atual presidente Joe Biden esteja disposto a voltar, não chegou a um entendimento com o Irã, que por sua vez também deixou de cumprir os compromissos do acordo.

A União Europeia (UE) apresentou um texto final em agosto para retomar o acordo, mas as negociações agora estão bloqueadas depois que o Irã fez novas exigências, segundo potências ocidentais.

O Irã afirmou hoje que está disposto a regressar a Viena, sede do processo, e até a realizar uma reunião a nível ministerial o mais rapidamente possível, mas insistiu que é Washington que deve flexibilizar as suas posições.

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Enquanto isso, os EUA disseram que as ações que o Irã tomou nos últimos meses, incluindo a expansão de seu programa nuclear, reforçam seu "ceticismo" sobre a disposição do país de retornar ao acordo.

A UE, que coordena as negociações, admitiu, por sua vez, que os acontecimentos recentes "acrescentaram camadas significativas de complicações que tornam cada vez mais difícil chegar a um acordo".

Especificamente, o representante europeu Silvio Gonzato destacou a "alarmante aceleração" do programa nuclear iraniano documentada pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) e as sanções adicionais impostas por Washington.

Tanto a França quanto o Reino Unido criticaram as ações iranianas, enquanto a China e a Rússia apontaram os Estados Unidos como responsáveis pela situação atual.

Ainda hoje, em entrevista coletiva, o secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu para o "grave risco" de perder totalmente o acordo nuclear, algo que na sua opinião "seria um fator muito negativo para a paz e estabilidade na região e mais além".

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Drones iranianos na Ucrânia

Na reunião de hoje, os EUA e seus aliados voltaram a pedir a Guterres que envie especialistas à Ucrânia para investigar o suposto uso de drones iranianos pela Rússia, uma transferência de armas que eles acreditam violar a resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, com a qual o acordo nuclear foi apoiado.

"Lamentamos que a ONU não tenha prosseguido com uma investigação normal dessas supostas violações", disse o representante dos EUA.

Por outro lado, o embaixador russo Vasily Nebenzya disse que esta questão está fora do mandato das Nações Unidas e espera que o secretário-geral "não ceda à pressão dos países ocidentais".

Nebenzya reiterou que as acusações do uso de drones iranianos pela Rússia na Ucrânia são "falsas" e resultado de "maquinações" dos Estados Unidos e da União Europeia.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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