Após sete horas de reunião em Genebra (Suíça), foi anunciado ontem um acordo para diminuir a violência no leste da Ucrânia, com a promessa de uma reforma constitucional. Participaram do encontro líderes de EUA, União Europeia, Rússia e Ucrânia, que divulgaram uma declaração conjunta.
Não há, porém, detalhes de como essas medidas serão implementadas, e as promessas têm lacunas que podem levar à manutenção da crise. Entre as decisões, por exemplo, estão desarmar todos os "grupos armados ilegais e desocupar prédios e espaços públicos controlados por ativistas. Esses militantes pró-Rússia seriam anistiados em caso de rendição e entrega das armas exceto os que tiverem cometido crimes.
A questão é que a maioria desses grupos está mascarada e sem identificação; rendendo-se, revelariam quem são de fato. Monitores internacionais serão escalados para acompanhar a implantação das medidas, mas não ficou claro quem vai indicá-los.
O texto divulgado diz ainda que uma reforma constitucional será "inclusiva, transparente e responsável, dando chance a todas as regiões para que se manifestem. Mas não foi dito se alguma parte da reforma já será votada na eleição presidencial de 25 de maio.
O acordo sinaliza um passo para a paz, mas seu sucesso dependerá de como o governo ucraniano vai conduzir a reforma, reivindicada pela Rússia com o argumento de dar mais autonomia a algumas áreas da Ucrânia com população de origem russa.
Os líderes afirmaram ainda rejeitar "toda expressão de extremismo, racismo e intolerância religiosa, incluindo antissemitismo. O trecho foi inserido por causa de denúncias de que forças pró-Moscou estariam tentando perseguir judeus no leste da Ucrânia.
Ocupações
Homens armados, mascarados e não identificados têm tomado desde semana passada o controle de prédios públicos em cidades importantes do leste da Ucrânia. O governo do país anunciou ontem que pelo menos três ativistas pró-Rússia morreram em confronto numa base da Guarda Nacional em Mariupol, na região de Donetsk.
O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, que representou seu país no encontro em Genebra, reafirmou que tropas oficiais russas não apoiam esses grupos, mas acusou as forças de Kiev de atacarem a população de origem russa.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse após a reunião que mais sanções serão anunciadas se a Rússia não colaborar com o acordo.
Nova Rússia
Pouco antes da reunião, o presidente Vladimir Putin afirmara que a Rússia tem o "direito de usar a força militar na Ucrânia. Disse, porém, que espera "não ter de usar esse direito e quer solução política a curto prazo. Numa provocação aos ucranianos, ele se referiu à região leste do país como "Nova Rússia, nomenclatura que era adotada no século 19, durante a era dos czares.
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