Os países do Ocidente do Conselho de Segurança da ONU chegaram a um acordo nesta quinta-feira (26) com a Rússia para a aprovação de uma resolução que permite uma ação pacífica de retirada do arsenal químico da Síria, informaram fontes diplomáticas. O documento proposto deve incluir a permissão do uso da força caso o regime sírio não cumpra o compromisso, mas sem uma autorização automática do recurso.
O acordo foi confirmado pela embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, e pelo embaixador da Inglaterra, Lyall Grant, pelo Twitter. Power fala que um acordo foi fechado para "obrigar legalmente" a Síria a desistir de seu arsenal químico e que a medida irá ao Conselho de Segurança nesta quinta-feira à noite
A negociação
A Rússia, principal aliada do governo sírio no cenário internacional, propôs no começo do mês que Damasco abrisse mão do seu arsenal para evitar uma ação militar norte-americana que punisse o governo de Bashar al-Assad pelo suposto uso de armas químicas contra civis.
A proposta deveria ser confirmada pelo Conselho de Segurança da ONU, mas Moscou vinha relutando em aceitar uma resolução que citasse o artigo 7º da Carta das Nações Unidas, o que abriria espaço para sanções ou uma ação militar contra Assad.
O texto acordado, ao qual a Agência Reuters teve acesso, torna obrigatório o cumprimento da medida, mas não estipula meios automáticos para a imposição via sanções ou força militar. A proposta diz que, em caso de descumprimento, o Conselho poderá evocar o artigo 7º em uma resolução posterior, a qual a Rússia poderá vetar.
"Os russos aceitaram apoiar uma resolução forte, obrigatória e passível de ser imposta, que une a pressão e foca a comunidade internacional sobre o regime sírio para garantir a eliminação das armas químicas da Síria", disse uma das fontes.
O Conselho de Segurança realizará uma sessão a portas fechadas para discutir o assunto mais tarde nesta quinta-feira, segundo a delegação francesa. Um diplomata disse que não há expectativa de que a votação aconteça nesta quinta-feira.
O governo sírio já concordou em abrir mão do seu arsenal químico, conforme a proposta russa. Os EUA, que há dois anos e meio evitam se envolver na guerra civil síria, chegaram a cogitar uma ação militar contra Assad por causa do uso de gás sarin que matou mais de 1.400 pessoas num subúrbio de Damasco em 21 de agosto. Assad nega ter cometido o ataque.
A Rússia e Assad alegam que o ataque químico foi cometido pelos rebeldes, que lutam para derrubar o presidente sírio em uma guerra civil que, de acordo com a ONU, já deixou mais de 100 mil mortos.
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