Líderes mundiais pediram que os países reduzam o uso e os estoques de combustível nuclear altamente enriquecido para níveis mínimos a fim de ajudar a impedir que militantes no estilo da Al Qaeda obtenham material para bombas atômicas. O apelo ocorreu no fim de uma cúpula de dois dias ofuscada pela crise na Ucrânia, nesta terça-feira.

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Na terceira cúpula de segurança nuclear desde 2010, líderes de 53 países - incluindo Estados Unidos e Rússia num momento de alta tensão entre eles - disseram ter havido muito progresso nos últimos quatro anos.

Mas também deixaram claro que muitos desafios permanecem, e ressaltaram a necessidade de maior cooperação internacional para garantir que urânio altamente enriquecido (HEU, na sigla em inglês), plutônio e outras substâncias radioativas não caiam em mãos erradas.

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Os Estados Unidos e a Rússia colocaram suas diferenças sobre a Crimeia de lado para apoiar a declaração final da reunião, cujo propósito é reforçar a segurança nuclear em todo o mundo, acompanhados de potências como China, França, Alemanha e Grã-Bretanha.

Mas Rússia, China e outros 16 países evitaram uma iniciativa separada de EUA, Holanda e Coreia do Sul para incorporar diretrizes de segurança da agência nuclear da ONU às regras nacionais.

"A ausência de Rússia, China, Paquistão e Índia - todos Estados com grandes quantidades de material nuclear - assim como outros ... enfraquece o impacto da iniciativa", disseram especialistas em segurança do Grupo de Trabalho de Materiais Físseis (FMWG, na sigla em inglês).

Os anfitriões holandeses saudaram a cúpula como "um grande passo em direção a um mundo mais seguro". Por outro lado, o FMWG disse que a cúpula tomou "passos moderados" na busca por interromper o desvio de perigosos materiais nucleares usados em armas.

O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que a decisão da Ucrânia na primeira cúpula de segurança nuclear em Washington, em 2010, de remover todo o seu urânio altamente enriquecido foi um "lembrete vívido de que quanto mais desse material pudermos proteger, mais seguros nossos países serão".

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"Se isso não tivesse acontecido, os materiais nucleares perigosos ainda estariam lá agora", disse Obama em entrevista coletiva. "E a situação difícil que estamos lidando com a Ucrânia hoje envolveria ainda um outro nível de preocupação."

MAIS ESFORÇOS

Na cúpula deste ano, Bélgica e Itália anunciaram que tinham enviado urânio altamente enriquecido e plutônio para os Estados Unidos para eliminá-los ou transformá-los em material menos sensível à proliferação. O Japão disse que iria enviar centenas de quilos de tais materiais para os EUA.

Como o plutônio, o urânio pode ser usado para abastecer usinas nucleares, mas também fornece o núcleo físsil de uma bomba se refinado a um nível elevado.

"Encorajamos os Estados a minimizar seus estoques de HEU e manter suprimentos de plutônio separado em níveis mínimos, ambas medidas consistentes com requisitos nacionais", disse o comunicado, que foi mais longe neste aspecto do que a cúpula anterior de 2012, em Seul.

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A série de encontros começou em Washington em 2010, e uma quarta cúpula será realizada em Chicago em 2016.

Analistas dizem que grupos radicais poderiam, em teoria, construir uma bomba atômica rudimentar, mas mortal, se tivessem o dinheiro, o conhecimento técnico e os materiais físseis necessários.

Obter material nuclear para armamentos - urânio ou plutônio - é o maior desafio para militantes, e por isso este deve ser mantido em segurança tanto em instalações civis quanto militares, afirmaram as potências.

Referindo-se a uma iniciativa para usar urânio pouco enriquecido como combustível em reatores de pesquisas e de outros tipos, a declaração da cúpula afirma: "Encorajamos os Estados a continuar a minimizar o uso de HEU através da conversão de combustível de reator de urânio altamente enriquecido para urânio pouco enriquecido, quando técnica e economicamente factível".

"Da mesma forma, continuaremos a encorajar e apoiar esforços para usar tecnologias sem HEU para a produção de rádio-isótopos, incluindo incentivos financeiros", informou o documento.

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