Míssil russo com ogiva nuclear, nas proximidades de Moscou: acordo entre os dois países com maior arsenal atômico do mundo recebe elogios da ONU| Foto: Maxim Shipenkov/AFP

Congresso americano pode barrar pacto

Folhapress

A atual relação explosiva entre a Casa Branca e o Senado dos EUA pode dificultar a ratificação do novo tratado nuclear com a Rússia.

Enquanto democratas afirmam que pressionarão pela ratificação ainda em 2010, republicanos prometeram que, depois de impor a reforma do sistema de saúde, o governo não contaria com "nenhuma colaboração’’ até o fim deste ano. Além disso, opositores disseram que não avaliarão o novo Start até que o go­­verno estipule um plano de mo­­dernização do arsenal nuclear atual.

São precisos dois terços do Se­­nado (67 de 100) para a passagem do acordo, e a base democrata só chega a 59.

"O Senado vai avaliar se esse tratado é verificável, se reduz a capacidade de nosso país de se defender e se esse governo está comprometido em preservar nossa própria tríade (bombardeiros, mísseis de terra e mísseis submarinos estratégicos)’’, afirmou Mitch McConnell, líder da oposição na Casa.

No passado, a resistência parlamentar dos dois lados impediu a entrada em vigor de tratados. Os EUA não ratificaram o Salt-2, de 1979, que queria reduzir as armas estratégicas existentes e frear o desenvolvimento de no­­vos sistemas. Já a Rússia não ratificou o Start-2, firmado em 1993 pelos presidentes George H.W. Bush e Boris Ieltsin.

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Entenda o que prevê o novo acordo nuclear entre EUA e Rússia
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O pacto nuclear a ser assinado em 8 de abril pelos presidentes dos Estados Unidos, Barack Oba­­ma, e da Rússia, Dmitry Medvedev, reduzirá em cerca de 30% os arsenais que cada lado poderá deter.

Pelo acordo a ser ratificado em Praga, EUA e Rússia se comprometerão a reduzir para 1.550 cada o número total de ogivas nucleares. Os dois países poderão manter 800 plataformas de lançamentos de mísseis intercontinentais. A data e o local da assinatura do pacto nuclear foram anunciados pela Casa Branca depois de uma conversa telefônica mantida por Obama e Medvedev na manhã de ontem.

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"Os presidentes concordaram que o novo tratado demonstra a continuidade do comprometimento dos Estados Unidos e da Rússia – as duas maiores potências nucleares do mundo – com uma redução de seus arsenais consistente com as obrigações estabelecidas pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP)", informou a Casa Branca por meio de nota.

O novo Tratado de Redução de Armamentos Nucleares Estra­­té­­gicos substituirá o START-1, assinado em 1991 e que expirou em dezembro último. Antes do START-1, Estados Unidos e União Soviética tinham números aproximados de 6.000 ogivas nucleares cada um.

Discurso histórico

Praga, a cidade escolhida para a assinatura do documento, foi on­­de Obama fez discurso em 2009 no qual expôs sua visão de um mundo livre de armas nucleares.

O ministro das Relações Exte­­riores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que agora os esforços deverão se dirigir a terceiros países, para que esses também reduzam seus arsenais nucleares e mísseis balísticos. "Eu estou convencido que as futuras negociações para a redução de armamentos nucleares continuarão. Mas essas negociações podem apenas ser conduzidas no contexto de uma situação estratégica geral, no contexto de objetivos gerais de desarmamento", disse Lavrov.

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A redução dos arsenais nucleares, no entanto, ainda deixa am­­bos os lados com armamentos e a habilidade de facilmente se aniquilarem.

O secretário-geral da Organi­­zação das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, elogiou o acordo entre os EUA e a Rússia como um "importante marco" no caminho para um mundo livre de armas nucleares. Ban disse que acredita que o acordo dará "um ímpeto significativo" a uma conferência que a ONU realizará em maio para revisar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, considerado também um marco nos esforços mundiais para evitar a proliferação de armas atômicas.