Os EUA e a Rússia chegaram nesta segunda-feira (6) a um acordo de intenções para cortar o número de ogivas nucleares para entre 1.500 e 1.675, em um prazo de sete anos após a entrada em vigor de um novo tratado de redução de armas.
O acordo foi fechado durante conversações entre o presidente dos EUA, Barack Obama, e o da Rússia, Dimitri Medvedev, no Kremlin. Depois do anúncio, eles deram entrevista conjunta em que também anunciaram um acordo para que a Rússia permita o trânsito aéreo de tropas americanas sobre seu território rumo ao Afeganistão. As negociações russo-americanas sobre desarmamento nuclear visam a substituir o Tratado START I, concluído no final da Guerra Fria, e que expira em 5 de dezembro de 2009, mediante a redução dos arsenais de armas estratégicas.
O Tratado START I (Strategic Arms Reduction Talks ou Tratado sobre a Redução de Armas Estratégicas) foi assinado em 31 de julho de 1991 em Moscou pelo presidente da então União Soviética, Mikhail Gorbachov, e seu colega americano George Bush (pai). Sustituía o acordo SALT (Strategic Arms Limitation Talks) firmado em 1972 e 1979 pelos Estados Unidos e a ex-URSS, e que previa limitar o desenvolvimento de armamento.
O START I, o esforço de desarmamento nuclear mais ambicioso entre duas superpotências, permitiu uma redução dos arsenais estratégicos da ambos países de 10 mil para menos de 6 mil ogivas nucleares e limitou a 1.600 a quantidade de mísseis intercontinentais a bordo de submarinos e bombardeiros.
Em 2002, Washington e Moscou assinaram o Tratado de Redução de Arsenais Nucleares Estratégicos (SORT, ou Tratado de Moscou) que prevê um máximo de 1.700 a 2.200 de ogivas nucleares mobilizadas e operacionais para cada uma das potências antes de 2012.
Em 3 de janeiro de 1993, o presidente Bush e seu colega russo Boris Yelstin - a URSS desapareceu em dezembro de 1991 - assinaram o Tratado START II, que devia entrar em vigor em 2003, prazo que foi prolongado até 31 de dezembro de 2007.
Em 1º de abril de 2009, os presidentes russo Dimitri Medvedev e americano Barack Obama concordaram em reduzir seus arsenais abaixo do Tratado SORT.
No entanto, o exército russo considera que não pode reduzir a menos de 1.500 ogivas para garantir a segurança do país.
Os Estados Unidos contam com 2.200 ogivas estratégicas posicionadas e uma cifra igual em reserva, segundo a Associação americana de Controle de Armas.
A Rússia teria entre 2.000 e 3.000 ogivas operacionais e 8.000 em reserva ou a caminho de seus desmantelamento pela antiguidade de seus materiais, segundo estimativas disponíveis.
O escudo antimísseis americanos na Polônia e República Tcheca. Os russos querem que o projeto seja abandonado seja abandonado o que Moscou seja associado ao mesmo.
A Rússia exige que se tenham em conta as ogivas nucleares armazenadas e não apenas as posicionadas. Os Estados Unidos são superior nesse sentido.
Os russos pedem uma redução maior do número de vetores, aspecto no qual os americanos também levam vantagem, pois têm equipamentos mais modernos.
A Rússia quer igualmente limitar a quantidade de mísseis intercontinentais americanos equipados com cargas convencionais, pois teme ser alvo deles.
Afeganistão
A Rússia também concordou em permitir o trânsito aéreo de soldados e armas dos Estados Unidos sobre seu território para chegar ao Afeganistão, uma medida saudada por Washington como uma valiosa contribuição de ajuda às Forças Armadas dos EUA que lutam contra o Talibã.
O pacto permite que 4.500 soldados norte-americanos voem anualmente sobre a Rússia sem nenhum encargo extra, informou uma autoridade norte-americana.
"Este acordo permitirá que os EUA diversifiquem as rotas cruciais de transporte usadas para movimentar as tropas e reabastecer as forças internacionais com equipamentos críticos no Afeganistão", informou a Casa Branca em um comunicado.
As novas rotas de trânsito são tão importantes aos Estados Unidos quanto as rotas existentes no Paquistão, que têm sido atacadas pelos militantes.
As rotas russas irão ajudar os Estados Unidos a poupar mais de US$ 133 milhões anualmente em combustível e outras despesas, informou a Casa Branca.
O acordo será válido por um ano, com renovações automáticas ilimitadas se ambos os lados concordarem, informou uma autoridade norte-americana, acrescentando que o pacto requer ratificação do parlamento russo. Geórgia
A soberania e a integridade territorial da Geórgia "devem ser respeitadas", disse Obama em entrevista conjunta com Medvedev após o anúncio do acordo.
"Há assuntos em que ainda discordamos", afirmou. "Por exemplo, tivemos uma franca discussão sobre a Geórgia e reiterei minha firme convicção de que a soberania e a integridade territorial da Geórgia devam ser respeitadas", acrescentou o presidente americano.
A guerra realizada pela Rússia em agosto de 2008 contra a Geórgia, aliada dos Estados Unidos, esfriou ainda mais as já tensas relações entre Washington e Moscou.
Como parte desse conflito, a Rússia reconheceu a independência unilateralmente declarada dos territórios separatistas da Ossétia do Sul e da Abkházia, na república caucásica ex-soviética.
Apesar de reconhecer a divergência russo-americana sobre as fronteiras da Georgia, Obama destacou que "ninguém tem interesse em um novo conflito militar".
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