EUA e Rússia oficializaram ontem um acordo de troca de presos envolvendo os dez supostos espiões detidos em solo americano. Eles seriam enviados a Moscou em troca de quatro russos que cumprem pena por atuar para os EUA. O 11.º envolvido no caso de espionagem nos EUA, Christopher Metsos, conseguiu sair do país e está foragido.
Como parte do acordo, os agentes russos presos no fim de junho se disseram culpados da acusação de atuar nos EUA sem se registrar e tiveram as deportações à Rússia decretadas em julgamento numa corte de Nova York.
Horas depois, o presidente russo, Dmitri Medvedev, havia assinado um decreto perdoando quatro presos condenados por espionagem para os EUA, e o Kremlin emitiu nota confirmando o acordo.
A expectativa era a de que o intercâmbio dos 14 presos fosse realizado ainda ontem, no maior acordo de troca de agentes entre EUA e Rússia desde o fim da Guerra Fria.
O rápido desfecho do episódio vai ao encontro dos interesses dos dois ex-rivais, que agiram no sentido de evitar que o escândalo de espionagem afetasse as suas relações bilaterais, que vêm atravessando um bom momento.
Segundo o Kremlin, o pacto foi firmado no contexto da "melhora das relações e para prover a elas nova dinâmica". Já os EUA alegaram "razões de segurança nacional".
O esquema
No dia 28 de junho, o Departamento da Justiça havia revelado a detenção dos dez agentes russos e apresentado denúncia de participação em esquema de espionagem da agência de inteligência SVR, sucessora da soviética KGB.
Segundo a Promotoria, as dez pessoas detidas na véspera viviam havia anos como casais americanos e tinham como objetivo se acercar de círculos de tomada de decisão, recrutar fontes e enviar informações para Moscou.
A revelação do caso provocou forte reação da Rússia, que qualificou as acusações de "infundadas e descabidas". Um dia depois, no entanto, baixou o tom e disse que o escândalo não deveria afetar as relações bilaterais.
Na mesma linha, os EUA evitaram disparar contra o governo russo e afirmaram querer "superar" o episódio.
Entre os presos perdoados ontem está o analista militar Igor Sutyagin, cujo nome já circulava como alvo de possível acordo. Relatos não confirmados indicavam que Sutyagin, condenado a 15 anos de prisão em 2004, já estaria em Viena, primeira escala do processo de liberação que deve terminar no Reino Unido.