Estados Unidos e União Europeia anunciaram, nesta segunda-feira (17), sanções contra funcionários dos governos de Rússia e Ucrânia após a realização de um referendo, considerado por estes países ilegal, que tornou a região autônoma da Crimeia independente da Ucrânia. Posteriormente, o território deve se tornar parte da Federação Russa.
O anúncio das sanções americanas foi feito pelo presidente Barack Obama, que emitiu uma ordem executiva com sanções contra sete altos funcionários do governo de Moscou.
Obama ordenou, além disso, sanções contra quatro indivíduos ucranianos, entre eles o deposto presidente Viktor Yanukovich.
Entre os russos punidos estão Vladislav Surkov e Sergei Glaziev, assessores do presidente Vladimir Putin, a presidente do Conselho da Federação (Senado), Valentina Matvienko, e o vice-primeiro-ministro Dmktri Rogozin.
As sanções têm como objetivo atingir os "bens pessoas" destes "camaradas" de Putin, segundo disse um alto funcionário americano sob a condição do anonimato.
Putin não está entre os afetados pela ordem executiva, pois é "altamente incomum" e "bastante extraordinário" os Estados Unidos "sancionarem o chefe do governo de outro país", argumentou o funcionário.
Por outro lado, os ucranianos afetados pelas sanções incluem dois líderes separatistas da Crimeia e Yanukovich, derrubado após três meses de protestos populares.
Os ativos e propriedades nos Estados Unidos dos onze indivíduos serão congelados e os americanos serão proibidos de fazer negócio com eles.
Recentemente, Obama já tinha aprovado, mediante outra ordem executiva, sanções contra funcionários e indivíduos, alguns deles russos, "responsáveis ou cúmplices na ameaça à soberania e à integridade territorial" ucraniana.
Em uma conversa telefônica com Putin, Obama antecipou neste domingo que seu país e seus parceiros europeus estavam "preparados" para sancionar Moscou e alertou que os exercícios militares russos nas fronteiras da Ucrânia "somente exacerbam a tensão".
Além disso, os ministros das Relações Exteriores da UE decidiram sancionar 21 russos e ucranianos considerados responsáveis pela instabilidade na república autônoma ucraniana.
Os 28 Estados da UE decidiram, em reunião em Bruxelas, restringir os vistos e congelar os bens em território comunitário destas pessoas, segundo informou pelo Twitter o ministro lituano das Relações Exteriores, Linas Linkevicius, que advertiu que serão aprovadas "mais medidas nos próximos dias".
Trata-se de 13 russos e 8 ucranianos, segundo confirmaram fontes diplomáticas, que acrescentaram que a esta lista de sancionados poderiam se unir mais nomes na cúpula que os chefes de Estado e do governo da UE realizarão nos próximos dias 20 e 21 de março.
A lista com o nome dos sancionados será revelada nesta tarde, quando for publicada com urgência no diário oficial do bloco, confirmaram fontes comunitárias.
Os líderes europeus acordaram em 6 de março uma primeira rodada de sanções contra a Rússia mediante a suspensão da negociação para liberalizar vistos e para um novo acordo marco.
Os ministros das Relações Exteriores passaram hoje à segunda fase de sanções que apontou o Conselho Europeu, que inclui a restrição de vistos e ativos aos que considera responsáveis pela instabilidade na Crimeia.
Em uma terceira fase de medidas restritivas, se não melhorar a situação, o Conselho Europeu contempla opções que podem ter "consequências" para as relações entre a UE e Rússia em diversas áreas econômicas.
Fontes diplomáticas indicaram que ainda não se espera chegar a esse extremo na cúpula desta semana, mas que, sim, a lista de pessoas sancionadas individualmente poderia ser ampliada.
Os ministros europeus também mostraram rejeição unânime ao referendo organizado por forças pró-Rússia na Crimeia, que consideraram "ilegal" por não se ajustar nem à Constituição ucraniana nem às leis internacionais.
Ao todo, 96,77% dos crimeanos que participaram do referendo deste domingo votaram a favor da reunificação com a Rússia, segundo os números definitivos divulgados hoje por Mikhail Málishev, chefe da comissão eleitoral da república autônoma ucraniana da Crimeia.
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