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Navio de carga dos EUA atracando em um porto em Qingdao, na província chinesa de Shandong
Navio de carga dos EUA atracando em um porto em Qingdao, na província chinesa de Shandong| Foto: STR/AFP

No primeiro minuto desta sexta-feira (10), os Estados Unidos aumentaram de 10% para 25% as tarifas de importação sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses. Em resposta, a China disse que "lamenta profundamente" a decisão e que vai tomar "as contramedidas necessárias", prometendo uma retaliação.

Negociadores americanos e chineses se reuniram na noite de quinta-feira (9) para tentar chegar a um acordo que colocasse um fim à guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais, responsáveis por aproximadamente 40% da produção global, mas não conseguiram evitar a escalada das tarifas. As conversas continuarão nesta sexta-feira, segundo a Casa Branca.

"Espera-se que os EUA e os chineses trabalhem juntos… para resolver os problemas existentes por meio da cooperação e da ponderação", disse o Ministério do Comércio da China em um comunicado na manhã desta sexta-feira.

Vice-premiê chinês Liu He (C) posa para uma foto com o secretário do Tesouro dos EUA Steven Mnuchin (D) e o representante comercial dos EUA Robert Lighthizer (E) na Diaoyutai State Guesthouse em Pequim, em março de 2019 | Foto: NICOLAS ASFOURI / AFP
Vice-premiê chinês Liu He (C) posa para uma foto com o secretário do Tesouro dos EUA Steven Mnuchin (D) e o representante comercial dos EUA Robert Lighthizer (E) na Diaoyutai State Guesthouse em Pequim, em março de 2019 | Foto: NICOLAS ASFOURI / AFP| AFP

Como as tarifas mais altas aplicam-se apenas às mercadorias que saem da China na sexta-feira – e nenhum carregamento está se aproximando da costa americana – as autoridades ainda têm tempo para encontrar uma solução de última hora.

Mas não importa o que aconteça na mesa de negociações, parece que as relações entre China e Estados Unidos parecem mudar.

"Eles estão realmente determinados a seguir em uma direção diferente", disse Timothy Stratford, presidente da Câmara Americana de Comércio na China e ex-diplomata dos EUA em Pequim. "Os EUA está recalibrando sua política para a China".

Escalada

As tarifas são impostos pagos pelos importadores em mercadorias estrangeiras, portanto a tarifa de 25% será paga pelas empresas americanas que importam mercadorias chinesas para o país.

Quase US$ 660 bilhões em bens foram negociados entre os dois países no ano passado.

No ano passado, os EUA haviam imposto uma tarifa de 10% sobre US$ 200 bilhões em itens chineses, como peixes, bolsas, roupas e calçados. Com a escalada da guerra comercial, Trump ameaçou subir essa tarifa para 25% ainda no fim do ano passado, mas após um encontro bilateral entre o presidente Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping em Buenos Aires, este aumento foi adiado - até esta sexta-feira.

Trump já havia alertado sobre a elevação das tarifas para 25% no início desta semana, surpreendendo analistas e investidores que acreditavam que os dois países pareciam estar próximos de pôr um fim a meses de tensão comercial. Segundo Robert E. Lighthizer, representante comercial dos Estados Unidos, isso ocorreu porque a China tentou diminuir seus compromissos, recusando-se a especificar no acordo quais leis do país seriam alteradas para mitigar as preocupações dos Estados Unidos sobre a transferência forçada de tecnologia e proteção da propriedade intelectual.

Em jogo, juntamente com as cadeias de fornecimento industrial que são responsáveis por milhões de empregos nos EUA, está a principal promessa do presidente Donald Trump de reequilibrar as relações comerciais dos Estados Unidos com a China.

"O presidente Trump identificou com sucesso o comportamento econômico chinês que prejudicou seriamente a economia ao longo do tempo. Se as conversações entre EUA e China eventualmente produzirem um acordo fraco, suas chances de reeleição caem, não importa quem seja o candidato democrata", disse Derek Scissors, especialista em China do American Enterprise Institute. "Se o presidente fizer o que ele insiste que vai fazer – conseguir um ótimo negócio – isso não apenas aumentará suas perspectivas de reeleição, mas também impulsionará nossa economia nos próximos anos".

Sanções chinesas

A retaliação chinesa poderia levar a relação trans-pacífica a um território potencialmente perigoso, segundo Chris Krueger, analista do Washington Research Group do banco de investimentos Cowen.

Durante o ano passado, a China impôs tarifas de quase US$ 10 bilhões em importações dos Estados Unidos. Krueger disse ao Washington Post que, para acompanhar a escalada de Trump, Pequim pode usar outras armas, incluindo boicotes de produtos americanos apoiados pelo Estado, inspeções alfandegárias mais rígidas e intensificação das auditorias fiscais nas empresas americanas.

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