No primeiro minuto desta sexta-feira (10), os Estados Unidos aumentaram de 10% para 25% as tarifas de importação sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses. Em resposta, a China disse que "lamenta profundamente" a decisão e que vai tomar "as contramedidas necessárias", prometendo uma retaliação.
Negociadores americanos e chineses se reuniram na noite de quinta-feira (9) para tentar chegar a um acordo que colocasse um fim à guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais, responsáveis por aproximadamente 40% da produção global, mas não conseguiram evitar a escalada das tarifas. As conversas continuarão nesta sexta-feira, segundo a Casa Branca.
"Espera-se que os EUA e os chineses trabalhem juntos… para resolver os problemas existentes por meio da cooperação e da ponderação", disse o Ministério do Comércio da China em um comunicado na manhã desta sexta-feira.
Como as tarifas mais altas aplicam-se apenas às mercadorias que saem da China na sexta-feira – e nenhum carregamento está se aproximando da costa americana – as autoridades ainda têm tempo para encontrar uma solução de última hora.
Mas não importa o que aconteça na mesa de negociações, parece que as relações entre China e Estados Unidos parecem mudar.
"Eles estão realmente determinados a seguir em uma direção diferente", disse Timothy Stratford, presidente da Câmara Americana de Comércio na China e ex-diplomata dos EUA em Pequim. "Os EUA está recalibrando sua política para a China".
Escalada
As tarifas são impostos pagos pelos importadores em mercadorias estrangeiras, portanto a tarifa de 25% será paga pelas empresas americanas que importam mercadorias chinesas para o país.
Quase US$ 660 bilhões em bens foram negociados entre os dois países no ano passado.
No ano passado, os EUA haviam imposto uma tarifa de 10% sobre US$ 200 bilhões em itens chineses, como peixes, bolsas, roupas e calçados. Com a escalada da guerra comercial, Trump ameaçou subir essa tarifa para 25% ainda no fim do ano passado, mas após um encontro bilateral entre o presidente Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping em Buenos Aires, este aumento foi adiado - até esta sexta-feira.
Trump já havia alertado sobre a elevação das tarifas para 25% no início desta semana, surpreendendo analistas e investidores que acreditavam que os dois países pareciam estar próximos de pôr um fim a meses de tensão comercial. Segundo Robert E. Lighthizer, representante comercial dos Estados Unidos, isso ocorreu porque a China tentou diminuir seus compromissos, recusando-se a especificar no acordo quais leis do país seriam alteradas para mitigar as preocupações dos Estados Unidos sobre a transferência forçada de tecnologia e proteção da propriedade intelectual.
Em jogo, juntamente com as cadeias de fornecimento industrial que são responsáveis por milhões de empregos nos EUA, está a principal promessa do presidente Donald Trump de reequilibrar as relações comerciais dos Estados Unidos com a China.
"O presidente Trump identificou com sucesso o comportamento econômico chinês que prejudicou seriamente a economia ao longo do tempo. Se as conversações entre EUA e China eventualmente produzirem um acordo fraco, suas chances de reeleição caem, não importa quem seja o candidato democrata", disse Derek Scissors, especialista em China do American Enterprise Institute. "Se o presidente fizer o que ele insiste que vai fazer – conseguir um ótimo negócio – isso não apenas aumentará suas perspectivas de reeleição, mas também impulsionará nossa economia nos próximos anos".
Sanções chinesas
A retaliação chinesa poderia levar a relação trans-pacífica a um território potencialmente perigoso, segundo Chris Krueger, analista do Washington Research Group do banco de investimentos Cowen.
Durante o ano passado, a China impôs tarifas de quase US$ 10 bilhões em importações dos Estados Unidos. Krueger disse ao Washington Post que, para acompanhar a escalada de Trump, Pequim pode usar outras armas, incluindo boicotes de produtos americanos apoiados pelo Estado, inspeções alfandegárias mais rígidas e intensificação das auditorias fiscais nas empresas americanas.
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